“ Tem um poder verbal de encantar serpentes”
(Palavras de Carlos Lacerda, ao fazer referência a eloqüência com que fluía a oratória de Asfora)
Embora natural de Fortaleza-Ceará, Asfora, tão logo chegou às terras tabajaras, ainda garoto, mais precisamente em Campina Grande, rapidamente incorporou-se aos ideais, à cultura e, acima de tudo, ao sentimento de qualquer concidadão nascido no torrão de Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, Argemiro de Figueiredo e, também do valente e líder João Pedro Teixeira.
Líder político, orador vibrante e brilhante, tribuno, poeta, e ainda, advogado do povo. São alguns dos predicados que se podem seguramente atribuir ao saudoso Raymundo Yasbeck Asfora, este era o seu nome de pia. Teve passagem incomum durante o tempo que habitou neste planeta. Como poucos, soube mostrar que a dignidade aliada ao conhecimento são dádivas dos céus que devem estar a serviço dos menos aquinhoados* de posses, de poder.
O autor da letra do hino Tropeiros da Borborema, imortalizada na voz inconfundível do também saudoso “Rei do Baião”, Luiz Gonzaga, construiu sua vida e sua obra calcado inseparavelmente, em princípios comuns ao cotidiano da sua cidade, do seu estado, do seu País. A voz do tribuno maior da Paraíba, lá de Campina Grande, foi além das nossas divisas granjeando respeito e admiração em todos os recantos do país. A sua passagem pela Câmara Federal, como deputado, mostrou para o país que, a exemplo de Rui Barbosa, um outro brasileiro que domava a arte da oratória de forma rara e com brilho semelhante se apresentava no cenário nacional.
Analisar a obra de Raymundo Asfora, em todos os ofícios que atuou, sempre com distinção, não é tarefa fácil.Quero apenas traçar sucintamente aspectos marcantes da sua extensa biografia. Asfora era filho de Elias Hissa Asfora e Orminda Yasbeck Asfora. Era cearense de Fortaleza, nascido a 26 de novembro de 1930. Em Campina Grande, vindo do Recife, fixou residência com os seus pais no ano de 1942. A partir de então o denominado sentimento campinista incrustou-se às atitudes e comportamentos daquele que seria, em tempo rápido, o orador maior do CEC (Centro Estudantil Campinense). Ingressou no quadro político filiando-se no PTB de Getúlio Vargas. Ocupou o cargo de Diretor de Serviço Social da Prefeitura de Campina Grande no governo de Plínio Lemos, rapidamente , ascende a posição de Secretário Geral, passando também pela Secretaria de Educação. Para um jovem com 22 anos, foi por demais promissora a passagem por tais cargos.
Em 1955, é eleito vereador em Campina, pelo PTB, destacando-se como um dos mais atuantes vereadores daquela legislatura. No final desse mandato, Raymundo é apontado em pesquisa de opinião pública como o mais popular advogado na cidade, devido o seu trabalho, sem cobrança de honorários, prestado às pessoas e famílias do povo simples de Campina Grande. Participou em 59, ativamente, da campanha a prefeito do seu amigo empresário o banqueiro Newton Rique, que é eleito. Em 1960, os seus discursos empolgam o povo da Paraíba, nos comícios de Pedro Gondim, com vistas ao Palácio da Redenção. Em 1961, segue para Brasília, a convite de João Agripino, então Governador da Paraíba, e amigo do Presidente Jânio Quadros.
A sua identificação com o povo da sua cidade e os seus problemas era parte inseparável do seu destino. Raymundo Yasbeck Asfora triunfou magistralmente sobre o tempo que viveu.
Caríssimo Vavá, graças a Deus no meio de tanta corrupção, de tanta violência, de tanta idiotice, encontrei um Homem de bem, um verdadeiro Cidadão que possui sensibilidade, discernimento e inteligência que permitem identificar pessoas que fazem a diferença, como Raymundo Asfóra. Parabéns!!!!!
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