A funcionária pública Alcineide Martins, 43 anos, estava se sentindo incomodada com uma dor na coluna que a acompanhava havia cerca de um ano. Procurou vários especialistas e não conseguiu diagnosticar a causa do problema. Até que ela precisou ir ao dentista fazer um tratamento de um canal e acabou descobrindo que a dor que sentia nas costas poderia ser tratada pelo dentista, já que o desconforto estava sendo causado por ela mastigar de forma incorreta.

O caso de Alcineide parece incomum, mas, de acordo com a cirurgiã dentista Marília Pessoa, tem sido cada vez mais constante se deparar com pacientes que precisam da intervenção de dentistas para tratar de doenças que não estariam relacionadas a problemas odontológicos inicialmente, como dor na coluna, dor plantar e dores em outras partes do corpo também.

Foto ilustrativa: Reprodução/ Internet

Ainda de acordo com a dentista, estudos revelam que mudanças na oclusão dentária podem influenciar negativamente na manutenção do equilíbrio homeostático corporal, assim como as estruturas maxilofaciais podem sofrer influência de outras partes do corpo.

“O dentista, ao avaliar o paciente, pode identificar alterações na cavidade oral que serão essenciais para o diagnóstico de doenças que, a princípio, não pareciam ter origem odontológica. Podemos citar como exemplo a perda de um dente, uma mastigação unilateral prolongada, um contato dentário prematuro além de várias outras alterações que podem desencadear uma série de reações e provocar inúmeros distúrbios”, exemplificou a cirurgiã dentista.

Doenças como apneia do sono, síndrome de dor miofascial, doenças da coluna, desigualdade de comprimento de pernas e postura incorreta da cabeça, por exemplo, podem estar relacionadas com problemas de origem odontológica.

Nesse caso, se faz necessário o acompanhamento com profissionais especializados que possam identificar a causa dos males e ajudar a resolvê-los, uma vez que, conforme Marília Pessoa, “a odontologia moderna não se resume mais a tratar dos dentes da pessoa, mas a olhar o indivíduo de forma mais ampla numa abordagem integrativa e multidisciplinar, visando devolver ao indivíduo o equilíbrio biopsiquicoemocional e qualidade de vida”.