Na segunda-feira, presidente pediu celeridade na apuração dos depoimentos prestados por delatores; segundo ele, País passa por momento de “incerteza”

Após pedido de Temer à PGR, Janot afirmou que atua com
Agência Brasil

Após pedido de Temer à PGR, Janot afirmou que atua com “profissionalismo” e que investigações têm tempo próprio

A Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgou nota à imprensa nesta terça-feira (13) na qual afirma que as investigações da Operação Lava Jato obedecem “tempo próprio, independente da agenda política do País”. Segundo o texto, “nenhuma investigação tem como objetivo interferir ou influenciar” no cenário político brasileiro.

Na última segunda-feira (12), o presidente Michel Temer pediu ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que acelerasse os depoimentos de investigados ao Ministério Público Federal (MPF) e finalizar “o quanto antes” os processos de eventuais homologações dos acordos de delação premiada

“O Ministério Público Federal somente exerce sua função de apurar indícios de crimes citados por colaboradores, com responsabilidade e profissionalismo. O desenvolvimento das investigações obedece tempo próprio, independente da agenda política do país.”, declarou a PGR.

Em seu pedido a Janot, que foi encaminhado por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), o presidente argumentou que o Brasil atravessa “sérias crises econômica e política” e disse que as medidas de ajuste fiscal conduzidas pelo governo vêm “sofrendo interferência pela ilegítima divulgação” de informações passadas por delatores. As críticas foram feitas depois que vazaram informações dos depoimentos de executivos da empreiteira Odebrecht que citam o envolvimento de nomes ligados ao governo em ações criminosas.

Temer acrescentou que, enquanto as delações não forem completadas e homologadas, o
País vai continuar num “clima de desconfiança geradora de incerteza”. O presidente voltou a pedir celeridade em evento realizado em Brasília nesta terça-feira após a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos.

Mais cedo, a Procuradoria foi criticada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), denunciado ontem pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF) em um dos inquéritos da Lava Jato. Segundo o parlamentar, o Ministério Público “passou a fazer política”.

Odebrecht

À força-tarefa da Lava Jato, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho relatou que entregou dinheiro vivo  durante a campanha presidencial de 2014 no escritório de advocacia de José Yunes, conselheiro e amigo de Temer.

De acordo com as investigações, das quais a PGR faz parte, as propinas aos políticos eram organizadas em uma planilha e os beneficiários do dinheiro ilícito eram identificados por meio de codinomes. A lista inclui apelidos curiosos, como “Misericórdia”, “Todo Feio” e “Moleza”.
* Com informações da Agência Brasil