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Blog do Vavá da Luz

Você conhecia Lorrayne?; por coronel Kelson Chaves

Você conhecia Lorrayne?; por coronel Kelson Chaves

Eu não. Assim como não conheci Eliza Samudio, vítima de cárcere privado, estrangulamento e esquartejamento, cujo corpo jamais foi encontrado. Patrícia Acioli, Juíza de Direito, executada por vários disparos, quando chegava em sua residência. Valdinéia Conceição Prechesnuik, encontrada morta dentro de uma mala, às margens de uma rodovia, com o pescoço quebrado e grávida de gêmeos. Todas elas, dentre tantas outras milhares de jovens mulheres, são vítimas da violência neste país.

Jovens, bonitas, portadoras de muitos sonhos e uma vida inteira pela frente. LORRAYNE DAMARIS DA SILVA é mais uma dessas mulheres, brutalmente incluída na crescente estatística nacional. No país, a cada nove horas, uma mulher é morta. Uma média, de três mortes por dia. Um absurdo.

Lorrayne, assim como Eliza, Patrícia e Valdinéia, passa a engrossar essa estatística cruel que, mesmo diante dos esforços estatais, em construir políticas proativas – a exemplo do Projeto Ronda Maria da Penha, nas PM – e reativas – ativação de Núcleos e Delegacias Especializadas de Crimes Contra a Mulher, nas Polícias Civis -, ainda assim, não conseguem a eficiência pretendida, por uma razão muito simples e difícil de ser rompida: O CARÁTER RESERVADO DA GRANDE MAIORIA DESSES CRIMES.

Sim, é exatamente na intimidade de uma relação, que esses fatos dantescos, macabros e até dignos de filmes de terror acontecem, o que impede a ação mais efetiva das Polícias. Uma pena. Isso sem contar, que a nossa legislação penal e processual penal, não contempla o rigor necessário para castigar exemplarmente o autor desse tipo crime. Mas, não me reporto à legislação – e trato de sua fragilidade – somente nesses casos específicos de crime contra à mulher, e sim, de um modo geral.

Frágil e ineficaz é a lei, pela exigência do flagrante de delito, pela excrescência de uma audiência de custódia, pelo direito de responder em liberdade, pelas brandas penas, pelos benefícios recursais de toda ordem, pela prescrição e, por vezes até, pela impunidade pura e simples. Mas, LEX EST LEX.

E LORRAYNE? Bem, LORRAYNE teve o corpo encontrado depois de alguns dias, na linguagem policial, “desovado”, embaixo de uma ponte sobre o Rio Paraíba, às margens da BR-230, já em estado de decomposição e com – segundo os peritos – sinais de estrangulamento. O acusado? Bem, o acusado ou autor já confesso, é o seu namorado, Keneddy Ramon Alves Linhares, de 32 anos. Uma pessoa, em tese, pela
idade apresentada, que podia parecer um sujeito sensato, equilibrado, sóbrio, não foi. Ao contrário, demonstrou toda sua estupidez, ignorância e covardia, praticadas, infelizmente, contra uma linda jovem de apenas dezenove anos de idade. Uma maldade sem tamanho.

Autor

Coronel Kelson, que já foi comandante geral da Polícia Militar (PM), ingressou na PM em 15 de janeiro de 1982 e foi para reserva no dia 18 de janeiro de 2012. 

Ele é graduado em Ciências Sociais de Segurança e Ordem Pública (CFO, PMCE – 1982 a 1984); mestre em Ciências Sociais Segurança e Ordem Pública(CAO,PMCE -1994); doutor em Ciências Sociais de Segurança e Ordem Pública – (CSP, PMDF– 2001); tem estágio em Gerenciamento de Crises e Negociação – PMESP; e curso de Planejamento Estratégico Situacional – Fundacion Altadir (BRASIL/CHILE)

Fonte 83/vavadaluz

1 comentário em “Você conhecia Lorrayne?; por coronel Kelson Chaves”

  1. E vão continuar matando mais e mais, enquanto não mudar as leis, torná-la rigorosa para o criminoso, nada de regalias, redução de penas, etc, etc. Isso está muito longe de acontecer, nossos representantes são insensíveis, cegos, pois só pensam neles, egoístas, inúteis, só servem pra uma coisa: dar despesas a nação e encherem o rabo de dinheiro. OBS: algumas exceções, pouquíssimas.

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