Presidente garante que medida provisória que permite deportação sumária de estrangeiros não afeta o editor do site “The Intercept”: ‘Não vai embora’

O presidente Jair Bolsonaro foi questionado, durante entrevista coletiva neste sábado (27), sobre a medida provisória que permite deportação sumária de estrangeiros. Ele disse que pensou em tomar a iniciativa por meio de decreto e que o editor do site “The Intercept”, Glenn Greenwald , “pode pegar uma cana aqui no Brasil, não lá fora”.

 

Bolsonaro sentado
Alan Santos/PR

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“Eu teria feito um decreto porque quem não presta tem que mandar embora. Tem nada a ver com esse Glen. Nem se encaixa na portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro para evitar um problema desse, casa com outro malandro ou adota criança no Brasil. O Glenn não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, declarou Bolsonaro .

Hackers

O presidente foi questionado sobre a possível destruição das mensagens obtidas nas investigações sobre os hackers. Na quarta-feira (24), o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, confirmou que recebeu um telefonema do ministro da Justiça, Sergio Moro, para informá-lo de que estava na lista das autoridades hackeadas pelo grupo preso na Operação Spoofing, da Polícia Federal.

O magistrado contou que o ministro o havia informado que as mensagens obtidas seriam “descartadas”. A PF afirmou depois que caberá à Justiça decidir sobre o destino do conteúdo. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiu e a oposição recorreu à Procuradoria-Geral da República (PGR) .

“A decisão de possível destruição não é dele (Moro). Podemos pensar e torcer por alguma coisa, mas o Moro não fará nada do que a lei não permite. Agora, foi uma invasão criminosa. Eu não tive esse problema porque nada trato de reservado nos meus telefones”, afirmou ele.

Neste sábado, foi divulgado pela “GloboNews” o depoimento do DJ Gustavo Henrique Elias Santos, preso na Operação Spoofing, à Polícia Federal (PF). Ele afirmou que teve as contas do WhatsApp e Telegram hackeadas por Walter Delgatti Neto, que confessou ter invadido os celulares de diversas autoridades.

O suspeito afirmou ainda que Delgatti mandou uma mensagem a ele se “vangloriando” de ter acessado o aparelho de Moro, e que fez um print da tela do notebook do hacker, contendo ícones do Telegram de autoridades, quando recebeu uma ligação em vídeo de Delgatti.

Os depoimentos de Santos, de sua mulher, Suelen Priscila de Oliveira, e do motorista Danilo Cristiano Marques, todos presos pela PF, foram obtidos pela “GloboNews”. Os três suspeitos afirmaram não saber qual é a atividade profissional de Delgatti.

Bolsonaro criticou também, durante a entrevista coletiva, as terras reservadas para comunidades indígenas e defendeu a exploração de minerais nessas áreas.

“Terra riquíssima (reserva indígena Ianomami). Se junta com a Raposa Serra do Sol, é um absurdo o que temos de minerais ali. Estou procurando o “primeiro mundo” para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso, a minha aproximação com os Estados Unidos. Por isso, eu quero uma pessoa de confiança minha na embaixada dos EUA”, disse ele, que indicou o filho Eduardo Bolsonaro , deputado federal por São paulo, para assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.