Ex-marido publica carta falando sobre a relação e o problema de depressão da advogada Ana Helena Costa Lima
O jurista Gustavo Guimarães Lima, ex-marido da advogada Ana Helena Costa Lima, que cometeu suicídio na última terça-feira (13), em João Pessoa, escreveu uma carta nas redes sociais onde abriu o jogo com relação ao casamento, a família, a vida e aos problemas de depressão vividos pela ex-esposa.
No post, Gustavo deixou claro que apesar do divórcio mantinha contato e um bom relacionamento com Ana Helena, com quem tinha dois filhos de 7 e 10 anos.
O relato que começa nos primeiros dias de namoro entre os dois viralizou nas redes e já passou das 1,5 mil curtidas e 250 compartilhamentos, causando comoção nas pessoas que conheciam o casal e trazendo à tona outros depoimentos de pessoas que convivem com o mesmo problema.
Confira a carta na íntegra:
“É Lena, a vida não nos reservou um final de conto de fadas. Mas como você dizia: “Quando eu olho pra trás, eu vejo uma história feliz!”. Eu também vejo. Lembro de nossos primeiros dias de namoro, de nossos planos, de nosso casamento. Quando descobrimos que você estava grávida de Gugu, você nervosa pra contar à sua família e eu rindo de alegria! Nada nunca foi fácil, trabalhamos muito, projetávamos as coisas e corríamos atrás de concretizar. Sempre foi assim. Dizíamos: “Nós dois juntos somos imbatíveis!”. E éramos. Lembro de nossas viagens pra Campina Grande, com os meninos, eu te ensinando Processo Civil e tu me fazendo inúmeras perguntas que eu não sabia de onde tu criava tanto exemplo. Quando nos aproximávamos, sempre a mesma frase com uma risada: “Vejo ao longe a Rainha da Borborema!”. E mais uma risada se seguia. Nosso Gui veio, o nosso maguinho, e tudo passou a ter muito mais sentido. Você assumiu o nosso escritório, resolveu fazer direito e como eu te admirava ao te ver trabalhando. Você não se cansava, cuidava de tudo, sempre com uma organização de fazer inveja. Rindo e cantando as músicas da moda, mangando de mim porque eu só conhecia músicas do “século passado”. Construímos muitas coisas e vivemos muitos momentos. Viajamos, você sempre com os mapas, criando os roteiros e nos perdendo pelas vielas da vida. Curtimos “a nossa humilde residência” de Bananeiras, como seus olhos brilhavam quando a gente se organizava pra ir pra lá. Escutar seu forrozinho, que você adorava. São tantas histórias, tantas lembranças boas, que nem a maldade das pessoas desocupadas que não gozavam de nossa intimidade podem apagar, essas pessoas não respeitam a nossa dor, a dor de nossos filhos e de nossa família. O fato é que fomos felizes, não pouco, fomos muito felizes. Mas veio a doença, a depressão te pegou de uma maneira violenta. Você perdeu as forças e não foi nos últimos meses, foram anos que você lutou, eu via que você procurava forças onde não tinha pra voltar a sorrir. Eu lutei ao teu lado, cuidei de você, levantei da cama, dava banho e comida pra que você não caísse, mas isso era nosso, era algo que nós dois vivíamos e nossos familiares e amigos nos deram apoio. Mas a carga mais pesada esteve nas minhas costas, cuidar dos meninos e de você. Passei noites acordado velando o teu sono pra que você não fizesse nenhuma besteira. Só sabe o que é depressão quem convive com essa doença horrível. Vivemos uma linda história, mas você decidiu seguir outro caminho. Preferiu não mais estar ao meu lado e como sofri. Tive que aceitar sua decisão, mas doeu, como doeu, fui ao fundo do poço e não queria mais nada. Porém, olhei ao redor, catei os cacos e tomei uma decisão, eu iria viver e reconstruir minha vida, mesmo que você não quisesse mais. Eu fui um ótimo marido, você não teria um melhor do que eu, mas eu não podia te obrigar a viver ao meu lado se você não queria, você teve suas razões e suas escolhas e eu as respeitei, por mais que doessem em mim, eu as respeitei. Eu segui a minha vida em frente, Lena. Infelizmente, suas escolhas não foram felizes, os caminhos escolhidos foram tortuosos e isso agravou sua depressão. Diferente do que muitos podem pensar, nós ainda conversávamos, mas eu não podia mais estar ao seu lado, cuidando de você como antes. Quando você me pediu ajuda, eu tentei ajudar como pude, sua família também, mas a vida, tão linda e bela, você passou a olhar como um fardo e tomou a definitiva decisão. Essa eu não aceito, não tenho como mudar, mas não aceito. Não estávamos mais juntos, mas não desejaria criar nossos filhos só. Eu precisava de você e como eu te disse isso, como eu te pedi por eles. Os nossos “menininhos”, as nossas “crias”. Mas nada foi suficiente. Olha, Lena, a dor é muito grande, você perdeu a batalha pra uma doença e não existem culpados, como a maldade dos homens e suas redes sociais pintam. Pessoas que não nos conheciam a gravar áudios e áudios falando de nossa intimidade sem nunca ter gozado dela, apenas pra espalhar fofoca. Como tu tinha raiva disso, da falta de respeito com os familiares. Dediquei a você uma vida, dediquei a você o amor por nossos filhos, um livro (que quase não sai porque você brigava comigo pra que eu terminasse minha tese de doutorado)… Você me pediu na semana passada que te prometesse muita coisa, eu disse que só prometeria o que pudesse cumprir e que nada, nem ninguém iria ocupar seu lugar na vida dos meninos… Pois bem, não irá. Você foi única na minha vida e na deles. Em uma carta que te escrevi (sempre démodé, como tu dizia), eu disse que não queria seguir sozinho, mas também não poderia baixar a cabeça e me entregar. Agora chegou a minha hora, vou cuidar de nossos filhos como te prometi, vou fazer deles dois homens, bons e educados, que deem valor a vida e que saibam que tiveram uma grande MÃE que se foi por causa de uma doença, silenciosa mas muito grave. Vou continuar, Lena, não como gostaria, mas vou, por mim, por eles e acima de tudo por você. Não irei substituir os “chameguinhos” que você fazia neles, eu sou mais destrambelhado, tu sabe disso. Mas do meu jeito irei fazer o certo, irei cuidar deles com amor e nunca permitirei que eles esqueçam de ti, a dor é muito grande, mas a minha força tem que ser muito maior. Fica na paz de Deus, desejo que você tenha encontrado a paz que você tanto procurava, que você seja a nossa estrelinha cuidando da gente. Vamos fazer um acordo, você cuida deles daí do céu e eu cuido deles aqui, certo? Vamos fazer o melhor pra eles, porque nós dois juntos somos imbatíveis. Com amor, meu, de Gugu e de Guigui, seus meninos… Te amamos e sempre te amaremos.”
A depressão é uma doença silenciosa e que geralmente pode ser tratada com terapia e medicamentos, mas nem sempre o paciente se reconhece nessa situação. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, de cada 100 pessoas com depressão, 15 delas decidem colocar fim a própria vida.
Fonte: Redação
Créditos: Polêmica Paraíba
Muito triste.
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