TIÃO LUCENA EM : Essa Aracilba é mesmo de rocha

José Augusto Longo

Será que você, meu caro leitor – e eleitor – diante desse imenso mar de corrupção que assola o nosso mundo político, conhece alguém que, depois de mais de trinta anos de vida pública, depois de passar por vários dos mais importantes cargos, quer no âmbito estadual, quer no nacional, tenha a coragem de declarar publicamente, em alto e bom tom, que “todo dinheiro que entrou até hoje em minha conta bancária, veio do meu contra-cheque?” É difícil, não?

Pois, pelo menos uma dessas pessoas diz e repete, sem que ninguém ouse contestar ou pôr em dúvidas suas palavras. Essa pessoa chama-se Aracilba Rocha, uma menina provinciana de Malta, de família pobre que, por esforço próprio estudou, formou-se em engenharia e honra e respeita, com responsabilidade e ética, todos os importantes cargos que exerceu ao longo de mais de três décadas, sempre se impondo diante dos maléficos costumes da maioria dos que desempenham cargos idênticos ou até mesmo de importância inferior, que se locupletam.

Aracilba Rocha, que há quase quatro anos controla as finanças do Estado com mão de ferro, na condição de Secretária de Finanças, representa um dos pilares da exitosa administração do governador Ricardo Coutinho. Sob sua guarda – a maioria dos paraibanos reconhece -, o erário está protegido. De lá não sai um tostão sequer, sem que haja disponibilidade orçamentária, daí desgostar muita gente mal acostumada com a farra e a orgia feita com o nosso suado dinheirinho. Por isso recebe o reconhecimento do próprio governador, que em diversas oportunidades tem citado sua eficaz participação no Governo, exaltada, também, pela sociedade mais representativa do Estado.

Dentre outras importantes funções já desempenhadas, constam: uma das diretorias da Eletrobrás, a presidência da Cagepa, Secretaria na Prefeitura de João Pessoa, além de incursões destacadas no governo de Pernambuco.

Em todas as funções que se dispôs atuar, o fez com dignidade, austeridade e competência.

Ao declarar que todo o dinheiro que recebeu até hoje é fruto do seu salário, Aracilba Rocha dá uma lição que, infelizmente, passa despercebida por parte daqueles que exercem, exerceram, ou pleiteiam exercer algum cargo público, seja delegado ou não pelo voto popular.

E o mais revoltante, é que, mesmo diante de tão expressivo exemplo, ainda tenhamos que encontrar quem diga que todos desse meio político, são “farinha do mesmo saco”. Não, absolutamente. Há, e há muitos que agiriam da mesma forma, com o mesmo critério, desde que tivessem oportunidade.

A maltense e decidida Aracilba, sem a ajuda de “padrinhos”, que lhe cobrariam, na certa, alguns “royaltys” no futuro, teve coragem, ousou, “meteu a cara no mundo, venceu pelas próprias forças, sem a ajuda inicial comprometedora de políticos desonestos.

Existe ainda – e como existe – gente que pensa e agiria como ela. Ocorre que muitos se acomodam, têm medo de ousar, de tropeçar no início, principalmente os mais jovens. Outros ficam aguardando que os “chefes” provincianos se lembrem deles e os convidem para participarem da vida pública. Ora. Por essas bandas, quem detém o Poder, só pensa nos seus. Como dar chance – pensam estes – a alguém que ao chegar lá vai fazer justamente o contrário do que eu sempre fiz? Não! Urge que somente os “peixinhos”, filhos, parentes ou apadrinhados, apareçam para dar continuidade a minha “obra”.

Pra que outras Aracilbas? Uma só já incomoda…

Infelizmente é esta a nossa realidade. Ao aproximar-se mais uma eleição, os mesmos nomes, as mesmas “figurinhas carimbadas” reaparecem como salvadores da pátria, certos de que a memória do eleitor é curta e, com a maior “cara de pau”, requentam velhos e carcomidos discursos, traem, desdizem com a maior sem cerimônia o que disseram ha bem pouco tempo, na tentativa, muitas vezes vitoriosa, de engambelar o eleitor. Não há uma renovação de valores. Os “coronéis modernos” não deixam. Até mesmo os impedidos pela Justiça voltam à tona, vestem a capa de injustiçados e, como eles próprios são impedidos, colocam em seus lugares prepostos cupinchas que, em caso de lograrem êxito, nada mais serão do que paus mandados de quem os apoiou.

Mas, ainda há tempo para mudarmos nosso hábito de votar apenas nos que falam bonito, nos que têm sorriso fácil, dos que nos dão tapinhas nas costas. Tá na hora de buscarmos caras novas, que tragam novos projetos, que possam incutir novos conceitos políticos. Ainda há tempo para reconhecermos quem, de fato fez, ou está fazendo pela coletividade. Tá na hora de buscarmos para nossa representação, e até mesmo confirmar em seus postos – quer no Executivo quer no Legislativo -, as pessoas que nos inspiram confiança, gente que leve pra casa apenas o que vem explícito no seu contra-cheque, como faz essa Aracilba, que é realmente de rocha.