Em maio deste ano, a Quarta Turma do STJ decidiu, por unanimidade, reconhecer como legítimo vencedor do leilão o grupo potiguar AG Hotéis (hoje Grupo Occean)
Marcondes Brito
O Norte Online; parceiro do Jornal de Brasilia na Paraíba
O Hotel Tambaú, cartão-postal clássico de João Pessoa, segue fechado há anos e se transformou num caso jurídico que mistura frustração empresarial, disputa societária e uma sucessão de adiamentos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Construído sobre um semicírculo de concreto fincado no mar, o Tambaú é um dos equipamentos turísticos mais conhecidos do Nordeste. E desde 2021 está parado, sem obras, corroendo com a maresia.
Em maio deste ano, a Quarta Turma do STJ decidiu, por unanimidade, reconhecer como legítimo vencedor do leilão o grupo potiguar AG Hotéis (hoje Grupo Occean). O valor arrematado foi de R$ 40,6 milhões. A partir desse julgamento, o grupo anunciou publicamente um plano ousado: investir mais de R$ 100 milhões, iniciar a reconstrução em 2025 e reabrir o hotel no final de 2026, com direito a réveillon histórico.
Mas seis meses se passaram, e nada começou.
Segundo o grupo paraibano Ampar Hotelaria – que se diz vencedor do primeiro leilão – o julgamento não terminou, e caberia reversão. Essa foi a versão que o portal O Norte Online publicou na segunda-feira (3), com declarações do advogado paraibano Rui Galdino.
Nesta terça-feira (4), a mesma equipe buscou ouvir o outro lado. Após diversas tentativas, o empresário Ruy Gaspar, líder do grupo AG Hotéis, atendeu e disse que não comentaria enquanto o STJ não concluir os últimos atos processuais. Ele então orientou que os questionamentos fossem direcionados ao advogado do grupo.
À noite, o advogado Fred Ferreira, do Escritório Sérgio Bermudes-RJ, confirmou ao O Norte Online que a demora não decorre do mérito, mas de sucessivos embargos de declaração apresentados pela parte adversária. Segundo ele, esse tipo de recurso não altera resultado: apenas atrasa o fechamento formal do julgamento. E, com esse atraso, o cronograma anunciado em maio deixou de existir.
Fato objetivo: não há mais tempo hábil para que o hotel esteja pronto no fim de 2026.
O caso volta à pauta do STJ em nova sessão – ainda sem data definitiva de conclusão. E, até que o tribunal dê o último carimbo processual, nem tapume, nem placa, nem máquina entram no canteiro.
Enquanto isso, o Tambaú continua parado. E João Pessoa se aproxima de mais uma alta estação com um dos seus ícones turísticos – literalmente – fechado sobre o mar.
Taí um assunto, que, se eu fosse um político (legislatico) me sentiria atraído a “comprar a briga”! Acho, inclusive, que este assunto daria visibilidade.