“É como se o papel que os pais exerceram durante muito tempo tivesse se tornado dispensável diante da independência dos filhos”, explica psicóloga

 
 

Um dos momentos mais difíceis para alguns pais é quando os filhos finalmente crescem e saem de casa. Em algumas famílias, o baque é tão grande que os genitores são tomados pela tristeza e solidão causadas pela partida  dos filhos. Alguns especialistas classificam o quadro como “Síndrome do Ninho Vazio”. 

 

Alguns casais sofrem com a 'Síndrome do Ninho Vazio' quando os filhos saem de casa
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Alguns casais sofrem com a ‘Síndrome do Ninho Vazio’ quando os filhos saem de casa

Como acontece

Os sintomas da síndrome são parecidos com os da depressão clássica e incluem tristeza profunda e desejo de evitar ambientes de convívio social. Porém, nesse caso, há uma sensação de inutilidade muito forte. “É como se o papel que os pais exerceram durante muito tempo tivesse se tornado dispensável diante da independência dos filhos”, explica a psicóloga Sarah Lopes, do Hapvida Saúde.

Geralmente, ela varia de três a seis meses, que é o tempo de adaptação com o novo cenário da casa. “Tende a terminar quando os pais voltam a restabelecer a rotina da casa e do casal sem a presença dos filhos, ou ainda com a chegada dos netos no ambiente familiar”, ressalta Sarah.

No entanto, se esse período se estender, é necessário buscar ajuda profissional. “O tratamento é semelhante ao de um quadro depressivo”, explica. 

Quem sofre mais?

De acordo com Sarah, não é possível determinar quais famílias vão sofrer mais com a partida dos filhos. “Em geral,  os genitores que são mais apegados aos filhos e abriram mão de tudo – trabalho, vida amorosa – para cuidar dos filhos costumam sentir mais essa ausência”, explica. 

Por reflexo das pressões sociais, as mulheres são as que mais sofrem quando os filhos saem de casa
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Por reflexo das pressões sociais, as mulheres são as que mais sofrem quando os filhos saem de casa

A psicóloga ainda explica que, por conta das estruturas machista da sociedade, as mulheres sentem-se mais responsáveis pelos filhos do que os pais. Mesmo que inconscientemente, a mãe se vê na obrigação de abrir mão da vida pessoal pelos filhos. Por isso, acabam sofrendo mais quando eles saem de casa. 

O que fazer

Quando os filhos ainda são pequenos, deve-se equilibrar os papéis de pai e mãe com as atividades que exerciam antes do nascimento da criança. É importante não perder a subjetividade e deixar a vida pessoal de lado. 

E quando os filhos saem de casa, é importante acompanhar o crescimento deles fora do ambiente familiar. “É interessante programar um almoço periódico, semanal, onde todos possam se encontrar”, orienta a especialista.

Além disso, para evitar ou amenizar a síndrome, recomenda-se criar formas de lazer sem que os filhos estejam necessariamente envolvidos. “É fundamental que os pais utilizem essa independência para aproveitarem a liberdade de tomar atitudes em prol de si, sem a preocupação com os filhos, fazendo coisas que sempre tiveram vontade de fazer, mas antes eram impedidos”, recomenda a psicóloga.