O ministro Flávio Dino vem sofrendo dificuldades em reparar o avanço ganancioso que, há mais de dez anos, esvazia os cofres públicos, em relação aos três poderes, com o nome de “emendas parlamentares”, permitindo que deputados e senadores se assenhorem de volumosas verbas e as direcionem, como bem querem, aos seus redutos eleitorais. O bolo dessa festa repartem como querem, desfazendo qualquer administração planejada dessa imensa quantidade de dinheiro… E para que esses imbróglios não sejam censuráveis, escondem; eles próprios redigiram lei cobertor para encobrir, na alcova das prefeituras e instituições, os desmandos sem séria e exata prestação de conta: as famigeradas “emendas secretas”. Quem já se viu gastar recursos públicos sem alguma responsabilidade de prestar conta? Esse desmando tem sido objeto de críticas de parte da população que possui consciência da sua cidadania.
Os nossos parlamentares federais, com exceções, retomaram a política histórica, dos tempos de Caio Júlio César, com o nome de cesarismo, como se fosse um cesarismo do parlamento. Têm tais deputados e senadores a ideia de constituir um poder forte, que saiba se desvincular do bem das coisas públicas, dos objetivos constitucionais dos três poderes, e das instituições que seriamente tratem as coisas públicas, apenas com a finalidade de circunscrever e articular uma política que corresponda somente aos seus interesses em detrimento dos interesses da comunidade e do bem público. Antes desses deputados e senadores, o cesarismo teve sua vez no mundo moderno, até ganhou especial atenção de Antonio Gramsci, em Note sul Machiavelli; como também reconsiderado entre nós, por Hélio Jaguaribe, analisando esse fenômeno, para criticar políticos eleitos “dos países chamados subdesenvolvidos”.
Por aqui formam um grande forte grupo, constituído por senhores endinheirados, senhores de empresas ou seus representantes; líderes de igrejinhas religiosas, pessoas extremamente de facções conservadoras, líderes carismáticos, que venham se concentrar no chamamento do “centrão”, trocando sua unanimidade ou voto grupal por concessões absurdas, como essa das emendas secretas. Sucede um proposital desligamento dos partidos tradicionais e sobretudo dos seus programas e cartas de política pública, para improvisarem interesses e negociarem suas aprovações em troca das necessárias PEC´s , como a aprovação da isenção do IR do poder aquisitivo mais pobre, apresentadas pelo Governo, na linguagem grosseira do “ou dá ou desce”.
Agora mesmo estão montados no cavalo de batalha da “blindagem parlamentar”, assim apanhei essa notícia divulgada em Londres: “A Câmara de Deputados concluiu, nesta quarta-feira (17/9), a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que pretende blindar parlamentares de processos criminais. A proposta agora, segue para análise do Senado, mas não há previsão de quando será apreciada, devido à resistência de parte dos senadores e à reação negativa à PEC nas redes sociais”. Imaginem, cometer crime e ser isento dos tribunais da Justiça, ganhando outros privilégios…
Constatem o farisaico fingimento. Para aprovarem tal absurdo exigiram “voto secreto”, para que o eleitorado dos seus municípios não verifique “quem é quem” e que prometeu, durante as eleições, falar e defender os interesses do povo. Esses contrastes deveriam causar uma crise esclarecedora de representação. Mas, politicamente eles sabem fazer: abrem a caixa de Pandora e tudo continua assim, no mesmo, com esses candidatos se repetindo, e cometendo as mesmas mazelas contra o povo e o Bem Comum.
Vavá da Luz, extraordinário comunicador, que nos enriquece com bons textos, alimentados por uma boa música clássica. Obrigado, Vavá da Luz
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