É bom demais ver rio cheio no sertão do Nordeste. Rio transbordando, de um canto a outro da margem, a água barrenta seguindo o rumo e nas margens os sapos cantando, comemorando a cheia.
Quando chove no sertão, os riachos deixam de ser abrigos de preás e voltam a ter peixe nadando. Os peixes aparecem como se fosse um milagre da natureza. E o matuto se posta na beira da água pegando traíras e corrós com caçuás e peneiras grandes, as famosas arupembas.
Não há lugar mais bonito. O sertão é lindo demais. Até na seca é de encher os olhos. Lá o luar é mais brilhante, as estrelas cintilam mais e mesmo quando o sol nasce, causticante, tem um brilho mais gostoso.
Mas nada se compara ao rio cheio, a chuva caindo, ao trovão assustador e ao relâmpago que a tudo alumia.
Esta cheia do Rio Taperoá, por exemplo, veio provar que quando Deus quer, não carece de transposição. Boqueirão vai encher muito antes do São Francisco chegar.
Verdadeiramente quando o grande Arquiteto do Universo quer, não carece transposição.
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