Morreu neste domingo (3), aos 73 anos, o poeta Sebastião Dias, um dos maiores nomes da cantoria de viola. Sebastião foi prefeito de Tabira, em Pernambuco, por dois mandatos. Mesmo exercendo a função, nunca se afastou da viola e fazia questão de conciliar o cantador com o cargo de prefeito.
Sebastião Dias estava internado no Hospital do Cariri, em Barbalha, Ceará, onde passou mal na semana passada. Por volta das 13h, deste domingo (3), sofreu uma parada cardíaca e faleceu.
O poeta Rena Bezerra disse o seguinte :
A morte é mesmo ardilosa
Enganadora e fingida
Tá sempre olhando pra vida
De maneira cobiçosa.
Quando ataca furiosa
Ninguém escapa das vias
As suas táticas são frias
Não existe compaixão,
Hoje calou o sertão
Levou Sebastião Dias.
Rena Bezerra
ALGUNS VERSOS IMPROVISADOS DE SEBASTIÃO DIAS
cemitério é a casa
dos nossos restos mortais;
ambição, ódio e vingança
ficam do portão pra trás,
porque, do portão pra frente,
todos nós somos iguais.
–
Quando o chão está molhado
aparecem coisas boas:
se levantam cogumelos
que as capas parecem broas;
os sapos chocam de ruma;
bordam com cachos de espuma
o cenário das lagoas
Fantástico! Mesmo numa hora de grande despedida o poema é a maior homenagem de um grande poeta para outro poeta.
Quanto canto encantava com seu canto
Nos diversos lugares que cantou
Contou contos nos cantos e encantou
Nem um outro cantou do mesmo tanto
Hoje a dor da saudade encharca o pranto
Do sertão onde foi o seu reinado
Mas seu nome pra sempre foi gravado
Nas batidas das notas da canção
*Um infarto calou Sebastião*
*Mas seu nome será eternizado*
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