Há cinco anos, a paraibana Luiza Rabello estava a milhares de quilômetros de sua casa quando um comercial do qual ela nem mesmo participou mudou a sua vida. Era uma quinta-feira pela manhã quando a estudante, então com 17 anos, abriu o Twitter e viu milhares de citações a seu nome. Nascia ali a “Luiza, que está no Canadá”. Hoje, com 23 anos e longe dos holofotes, a jovem não mora mais naquele país, estuda Odontologia em João Pessoa e abandonou completamente a fama: “Prefiro mil vezes o anonimato, nunca quis ser famosa”, diz ela, em entrevista ao UOL.
No dia em que estourou um dos primeiros memes do Brasil, em 2012, Luiza, sem entender o que estava acontecendo, recebeu uma ligação do pai, Gerardo, jornalista conhecido em João Pessoa, pedindo para que ela voltasse ao Brasil imediatamente. Ele, a mulher e os dois filhos haviam acabado de estrelar um comercial de um novo empreendimento imobiliário de luxo na Paraíba. Na propaganda, Gerardo falava do condomínio e dizia: “Por isso fiz questão de reunir minha família, menos a Luiza, que está no Canadá, para recomendar este empreendimento.”
Foi o suficiente para a propaganda virar um fenômeno da internet e antecipar a volta da estudante do intercâmbio para aproveitar os momentos de fama. “Eu não entendia nada, fiquei com muita raiva na hora! Não queria voltar ao Brasil. Fiquei impactada com tudo que estava acontecendo. De repente, todos os meios de comunicação estavam atrás de mim. Queriam até fazer entrevista com a família que me hospedava, que era super discreta”, lembra ela. “Tive três dias para resolver minha vida lá e embarcar”, conta. Pegando carona na história, a Gol bancou a volta da jovem.
Passado o susto, Luiza entrou na brincadeira que acabou virando negócio. Estrelou comerciais, participou de programas de TV, deu diversas entrevistas e ganhou milhares de seguidores nas redes sociais. Luiza desembarcou em São Paulo e ficou “escondida” por uma semana. A empresa do empreendimento que a tornou famosa a queria na próxima propaganda. Seria a surpresa do comercial dizer que sua maior estrela estava de volta ao Brasil. Depois da semana de confinamento, a estudante voltou para João Pessoa e foi recepcionada por uma multidão de pessoas no aeroporto, tudo registrado pela TV Globo.
“Não aguentava mais”
Luiza Rabello ganhou dinheiro com o sucesso repentino, mas diz que não viu nenhum centavo: “Meu pai administrou tudo”. Aproveitou as oportunidades, mas, segundo ela, só aceitou trabalhos que tinham a ver com a origem do meme. “Falei para meu pai que só iria aceitar as propostas que tivessem a ver com a história de como eu surgi na mídia. Por exemplo, fiz trabalhos que envolviam viagens de intercâmbio, sites. Apareceu de tudo, desde participar de videoclipe de música sertaneja até ser garota propaganda de um açougue. O que eu tenho a ver com açougue?”, conta, rindo.
Logo depois, Luiza ganhou de uma escola de intercâmbio um curso em Londres, onde passou passou 40 dias com o irmão. Ao retornar, com a imagem menos em evidência, passou no vestibular para odontologia. Luiza afirma que nunca ficou deslumbrada com o sucesso e aproveitou o máximo que pode, mas sentiu-se aliviada quando a fama instantânea acabou.
“Ser anônimo é muito melhor. Não aguentava mais toda essa exposição. Não foi uma fase ruim, foi diferente, mas sempre trabalhei para que isso tivesse começo, meio e fim. Nunca existiu essa vontade de ser famosa, atriz, apresentadora. A frase é mais famosa que a minha imagem. Eu fui mais falada do que vista, nem na propaganda eu estava. Todo mundo se lembra do meme. Se não tem essa ligação, passo despercebida”, afirma.
O sucesso, ela conta, valeu para ajudar o pai, que passava por uma fase difícil na carreira. Jornalista, ele queria deixar o jornal impresso. “Essa história não foi para mim, foi para meu pai porque na época ele precisava de uma transição de emprego. E ele teve esse crescimento. Para mim valeu só por ajudar meu pai. Nunca caiu a ficha e nunca vi a dimensão do meme como as pessoas viram. Sei que sempre serei a ‘Luiza, que está no Canadá’, mas nunca mudei. Muitos me achavam metida, mas nunca fui assim”, diz.
Atualmente, a estudante cursa o penúltimo semestre da faculdade de odontologia e não pretende mais deixar o Brasil. Luiza voltou para o Canadá de férias em 2016, mas desta vez ficou apenas 20 dias.
Créditos: UOL
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