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Fabiano pede perdão a Zé Carlos (São Braz) e revela: foi “usado” pelo Correio para acusá-lo de “moedor de notas fiscais” 10 de Agosto de 2017/ 

Marcos Maivado Marinho
Livre das “amarras” do Sistema Correio de Comunicação, d’onde se demitiu segunda-feira em busca de “liberdade” no Sistema Arapuan, onde assumirá uma direção executiva, o radialista Fabiano Gomes nem esperou lá estrear e já detonou a Casa que deixa, pondo em maus lençóis seus antigos patrões.

Na manhã de ontem (quarta-09) o gorducho comunicador botou logo as unhas de fora. Em entrevista no novo local de trabalho, depois de contar parte das conversas que teria tido com os donos do Correio para que ficasse ainda por lá, disse sem reservas que foi “usado” para confrontos nada éticos, dos quais se envergonhara e se arrependera.

Como exemplo Fabiano citou entrevero com o Grupo São Braz, que acusara de ser uma “máquina de moer notas fiscais”, aludindo a um suposto esquema de sonegação de impostos praticado pelas empresas do empresário José Carlos da Silva Junior, notório desafeto do dono do Correio, Roberto Cavalcanti.

No ar, ele pediu desculpas à direção da São Braz, algo impensável acaso continuasse gerindo a programação do Correio: “Ás vezes nós compramos brigas que não são suas, porque nós nos apaixonamos e paixão nos cegam. Eu tenho um peso muito grande na consciência de ter feito aquele combate com o grupo São Braz, sobretudo o José Carlos, que é um homem de bem e que tem uma história dedicada ao trabalho na Paraíba”, penitenciou-se.

Arrependido, Fabiano confessou sentir amargura do que fez e revelou que isso lhe trouxe, para a carreira profissional, consequencias terríveis, algo que ele não esperava. “Essa foi a briga que mais me arrependo e não teria problema algum de fazer uma retratação publica”, avisou.

Como quem cumpre ordens, fez questão de reforçar o pedido de desculpas aos donos do grupo São Braz, nominando-os um a um. “Aproveito esse momento para pedir desculpas a Zé Carlos, Eduardo Carlos, Ricardo Carlos e todos aqueles que foram atingidos naqueles episódios, um momento infeliz da minha carreira. Foi o momento mais infeliz da minha carreira e não tenho medo de me retratar quanto a isso”, finalizou com a voz embargada.
A uma indagação sobre o uso do seu nome por terceiros que teriam interesse nos confrontos, Fabiano não titubeou: “Sim, quando a briga estava tomando uma grande proporção todos me deixaram sozinhos. Isso serviu de lição para a minha vida”, finalizou.

RECORDANDO O CASO

Fabiano, à época, além de diretor de jornalismo do Sistema Correio de Comunicação tinha a propriedade da revista POLITYKA, e em uma das edições tratou como matéria de capa as denúncias contra as empresas de José Carlos, textos reproduzidos intensamente por todas as emissoras da Correio – rádios, TVs e jornais.

Sob a manchete “Forno da São Braz ‘queima’ notas fiscais ao invés de torrar café”, a POLITYKA fez zoada e causou muito desconforto ao grupo adversário de Cavalcanti.
Dizia a revista que Jonas Pereira de Morais, motorista de caminhão (placa KGB-8295, de cor azul, fabricado no ano de 1974, Mercedes Benz, movido a óleo diesel, utilizado como transporte de cargas no sistema de aluguel ou frete) havia três anos e meio que denunciava um suposto crime que até aquele instante “parece que ninguém lhe dá ouvidos”.

E seguia: O Grupo São Braz é constituído de várias empresas, entre as quais distribuidoras de automóveis Chevrolet, Fiat, Toyota, inclusive em outros Estados, além de repetidoras de TV do sinal da Rede Globo no Estado da Paraíba.

No entanto, cansado de ver tantas fraudes, prática de sonegação fiscal e outras falcatruas que acabam lesando diretamente os cofres públicos, ou seja, o nosso dinheiro como contribuinte, ele decidiu partir para o ataque e procurou vários órgãos ligados ao setor de fiscalização, tanto estadual quanto federal, em vão. A POLITIKA revela, agora, com absoluta exclusividade, todos os meandros dessa história.

A primeira vez que Jonas buscou fazer Justiça foi no dia 11 de março de 2008, quando ele se dirigiu ao Setor de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal em João Pessoa, onde denunciou ao Auditor Fiscal Luis Eduardo Pontes que tem conhecimento de que a São Braz vende mercadorias sem emissão de notas fiscais, apresentando como prova do alegado cópias de documentos onde constam registro de vendas que – segundo ele – “vão para o Caixa 2”.

Ele revelou – de maneira surpreendente – que essas vendas são identificadas em documentos da empresa como “NF”, mas que não se tratam de Notas Fiscais, como tudo levaria a qualquer um a acreditar que fossem e, sim, são – na realidade – registradas num misterioso “Relatório de Mapa de Entrega de Pedidos”, onde consta a expressão “vendas extras” (produto cujo imposto seria sonegado pela São Braz).

A explicação é simples: essa denominação serve perfeitamente para mascarar vendas feitas à margem da contabilidade oficial da referida empresa, disfarçando as mercadorias objeto de sonegação fiscal, cujos volumes os motoristas transportadores são orientados a entregar antes das demais, para se livrarem logo delas.

Jonas também disse que esses caminhões nunca são revistados pelos agentes do Fisco estadual, aparentemente orientados por determinação superior a fazerem vista grossa diante de todos os veículos de carga que saem da distribuidora instalada na estrada de Cabedelo, por volta das sete horas da manhã, diariamente. “Basta ver o adesivo com a logomarca da São Braz, que os fiscais deixam passar tudo, sem nem ao menos pedirem para o motorista parar e apresentar os documentos do carro ou as notas fiscais”, declara a testemunha.
Fraudadores têm até um “Manual da Sonegação”

Marcelo Meira, Raimundo, Ivamberto, Pedro Alexandre, Josalba. Estes são alguns dos nomes ou apelidos dos principais responsáveis pela operacionalização do suposto esquema montado dentro da São Braz, visando enganar os Agentes Fiscais de Mercadorias em Trânsito e lesar o Tesouro Estadual, evitando que a secretaria da Receita cobrasse os impostos devidos pelas cargas que seriam transportadas “no mole”, sem nenhum tipo de documentação oficial.

Tinha até um código especial para isso, chamado “NF”. Apenas duas letras, que bem poderiam significar Nota Fiscal, mas – muito pelo contrário – eram, na verdade, as iniciais de “Notas Frias”, indicando quais eram as mercadorias transportadas sem a devida taxação de tributos estaduais e federais, como o ICMS, IPI, Cofins, PIS e IRPJ, por exemplo.

Quem fazia parte do suposto esquema até já sabia a senha: qualquer caminhão, carreta, baú, Kombi ou camioneta adesivada com a logomarca da São Braz era para ser deixada de lado, escapando tranquilamente da fiscalização, porque previamente já havia sido acertado o modus-operandi para burlar o Fisco.

Existia até mesmo uma espécie de “Manual de Sonegação” entregue a todos os motoristas, orientando-os a como deveriam proceder para burlar a fiscalização. Num texto que sempre acompanhava as NF’s (“Notas Frias”) havia a seguinte recomendação expressa, em letras garrafais:

ATENÇÃO: SÓ É PERMITIDO DAR DEVOLUÇÃO EM NOTAS FISCAIS OU NF’S COM A AUTORIZACAO DE MARCELO OU RAIMUNDO. CASO O CLIENTE QUEIRA DEVOLVER A MERCADORIA POR QUALQUER QUE SEJA O MOTIVO, ENTRAR EM CONTATO COM UM DOS DOIS. NÃO SERÁ ACEITA NENHUMA DEVOLUÇÃO SEM A PRÉVIA AUTORIZAÇÃO. SÃO BRAZ – INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS S/A.

A íntegra da reportagem foi publicada na quinta edição da revista, que circulou em todo o Nordeste.

MULTAS

O Grupo São Braz foi ainda acusado por Fabiano de conseguir no Governo Maranhão III se livrar de multas na ordem de quase R$ 7 milhões, além de utilizar indevidamente o hangar do Governo do Estado, para uso de aviões, sem qualquer pagamento de aluguel.

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1 comentário em “Fabiano pede perdão a Zé Carlos (São Braz) e revela: foi “usado” pelo Correio para acusá-lo de “moedor de notas fiscais” 10 de Agosto de 2017/ ”

  1. Sem censura, mas o Senhor causador desta polêmica não deve ter passado por uma boa escola de jornalismo. Todo bom aluno aprende logo nos primeiros dias que fidelidade de jornalista deve ser: à verdade, ao seu público e aos códigos do oficio. Caso houvesse aprendido esta lição de ouro jamais atravessaria situações das quais agora se diz vitimado. Mudei de profissão ao sentir que falharia no ofício, traindo a mim ou a meu público.

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