Em Carta Ao Papai Noel, Menino De 11 Anos Pede Pão, Presunto E Muçarela De Presente
- 24/12/2017
A mensagem com letra caprichada em uma carta deixada próximo à garagem do prédio onde mora comoveu a vendedora Mayara Estevão, em Franca (SP). No texto, um menino que se apresenta como Bruno, de 11 anos, faz um pedido ao Papai Noel e quer ganhar pão de forma, presunto e muçarela. Se possível, uma cesta básica para alegrar o natal dele e da avó, que está em tratamento contra um câncer no intestino.
Ao fim do texto, Mayara achou uma pista para localizar o autor: um endereço no bairro Vila Aparecida e um convite com a frase “Venha me visitar”. O encontro aconteceu nesta sexta-feira (22) e Bruno não só ganhou os ingredientes para o sanduíche favorito, mas também uma festa de natal na casa da nova amiga.
“Estou muito feliz com o que acabei de ganhar. Eu prefiro comida do que brinquedo e eu amo minha avó”, disse o estudante, emocionado.
Carta No Chão Da Garagem
Mayara conta que o marido encontrou a carta quando saía para o trabalho. O pedaço de papel dobrado estava no chão, perto do portão da garagem do prédio onde o casal mora no bairro Jardim Lima.
“Quando ele me mostrou, eu fiquei muito comovida. Chorei muito, porque essa cartinha dele é muito especial e muito diferente.”
Decidida a ajudar, a vendedora seguiu até o endereço indicado com a intenção não só de conhecer o menino, mas de compreender toda a história por trás do texto carregado de emoção.
Ao chegar à casa, o próprio Bruno a recebeu no portão e a levou para conhecer a avó, que cuida dele desde os primeiros dias de vida.
Leia a carta:
Querido, Papai Noel!
Sou Bruno. Tenho 11 anos. Moro com minha vozinha desde que nasci e ela está muito doente. Operou do intestino e agora faz quimioterapia. Oro para que ela sare logo. Escrevo porque vivemos de um salário mínimo para aluguel, água, luz e remédios que o SUS não dá. E ela não pode comprar uma coisa que gosto muito, que é o bauru. Gostaria de ganhar pão de forma, presunto e muçarela para matar a minha vontade e, se possível, uma cesta básica para alegrar meu Natal e de minha avó. Venha me visitar.
Feliz Natal! Deus lhe dê em dobro!
A História
A avó, Maria Sueli Cintra, é viúva e as despesas da casa são pagas com a pensão mensal que ela recebe, no valor de R$ 770. O dinheiro é usado no aluguel de R$ 350, nas contas de água e luz, que somam R$ 120, e no básico da alimentação.
Recentemente, a idosa descobriu um câncer no intestino, foi operada e começou a fazer sessões de quimioterapia. Por causa da doença, parte do orçamento doméstico precisou ser destinada aos remédios e ela ainda passou a pagar uma van para levar o neto à escola. Eles contam com a solidariedade de amigos para as necessidades que o dinheiro do mês não cobre.
Com a situação difícil e incentivado pela avó, o menino teve a ideia de escrever a carta e espalhar o texto pela cidade.
“Eu chegava da escola e não tinha nada pra comer. Nada, e ela passando mal. Eu não aguentei. Eu peguei um papel e comecei a escrever. Eu que entreguei a carta.”
Uma delas acabou sendo jogada na casa de Mayara, que se solidarizou com o pedido.
“Eu falei pra ele escrever na cartinha o que ele tinha vontade de comer. O que a gente ganhar tá bom, o que Deus der tá bom demais”, disse Maria Sueli.
A Solidariedade
Após saber mais sobre a vida do estudante, que é fã do homem-aranha e guarda os poucos brinquedos que tem numa caixa de papelão, Mayara não só se propôs a atender o pedido de Bruno para o sanduíche, como também convidou avó e neto para comemorar o natal neste domingo (25) com a família dela.
Para a vendedora, o gesto do menino deve servir de reflexão e desperta nas pessoas o verdadeiro espírito natalino.
“Você [Bruno] quis matar a sua vontade de comer e você pode ter certeza que o papai do céu vai abençoar muito pessoas como você. Você e sua avozinha. Eu gostaria que a senhora e o Bruno fossem passar o natal comigo e com a minha família. Eu quero que a minha família veja esse exemplo, porque foi graças à senhora que o criou dessa forma.”
Enquanto uns precisam de tão pouco; outros esbanjam .
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