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Blog do Vavá da Luz

ENTREVISTA COM LULA : ‘Eles me dão um tiro de canhão todos os dias e eu estou vivo’

‘Eles me dão um tiro de canhão todos os dias e eu estou vivo’

ex-presidente da República e pré-candidato do PT ao Palácio do planalto em 2018

Em entrevista exclusiva à rádio  Super Notícia FM e aos jornais O TEMPO  e Super Notícia , o ex-presidente Lula fala da caravana que inicia em Minas Gerais na próxima semana, admite erros do governo Dilma e se defende das acusações a que responde na Justiça.

Em breve, o senhor virá a Minas Gerais, a exemplo do que fez recentemente no Nordeste. Qual o grande objetivo desse desembarque em Minas?  O objetivo é tentar ver o que aconteceu no Brasil nestes últimos anos, porque eu tenho consciência dos avanços sociais que aconteceram nas regiões mais pobres do Brasil. Eu tenho consciência dos defeitos que aconteceram no campo da educação, da saúde, do emprego, do campo, da ajuda do pequeno e médio produtor rural e da agricultura familiar. Eu quero ver o que está acontecendo com as pessoas. Eu fiz nove Estados do Nordeste, eu vi que a pobreza está voltando, a fome e o desemprego estão voltando. Eu tenho um carinho muito especial pelo Vale do Mucuri, Vale do Jequitinhonha, Vale do Rio Doce, Vale do Aço. Eu pretendo fazer a região de Juiz de Fora, depois o Sul de Minas. Eu quero, na verdade, ter contato com a realidade (…). Eu quero ver como está o povo brasileiro, porque me parece que nós estamos perdendo muitos dos direitos que conquistamos nos últimos 12 anos no Brasil. Essa é a intenção da viagem, de pegar na mão das pessoas, abraçar as pessoas, olhar nos olhos das pessoas.

Acompanhando suas andanças pelas cidades, em uma delas o senhor admitiu alguns erros cometidos pela ex-presidente Dilma. O que o senhor fará de diferente caso o senhor consiga ser candidato e seja eleito?  Na verdade, a gente não tem que explicar, porque, quando estamos na política, no futebol, em uma pista de dança, você pode cometer erros, você pode cometer equívocos, e você pode ficar lamentando o que fez para tentar acertar (e decidir) o que vai fazer diferente. Eu acho que temos que analisar as circunstâncias que fizeram com que a Dilma tivesse mais dificuldades do que eu tive. A Dilma, quando tentou fazer algumas mudanças na economia, ela tinha na Câmara dos Deputados um presidente que dificultava qualquer medida que mandava para o Congresso Nacional. Isso complicou. Mas eu penso que nós tivemos desonerações demais. Eu penso que nós desoneramos por volta de R$ 428 bilhões entre 2011 e 2014. É bem verdade que a presidente Dilma manteve todas as políticas sociais. É bem verdade que o salário mínimo continuou aumentando todo ano. É bem verdade que tivemos o menor índice de desemprego da história do Brasil. Tivemos um padrão Suíça, patrão Finlândia, padrão Noruega, com 4,3% de desemprego, o que nunca tinha acontecido no Brasil. Mas acontece que a desoneração fez com que faltasse dinheiro no caixa do governo, que foi obrigado a anunciar cortes e, quando você anuncia cortes, vai começar a ver cair o PIB, o que aumenta nossa dívida pública e aumenta o empobrecimento da sociedade, porque diminui a capacidade de investimento do Estado brasileiro.

Em 2002 e 2006, capital e trabalho se uniram em sua eleição. O senhor fez aquela chapa consagrada com o ex-vice-presidente, mineiro, José Alencar. Seria essa a fórmula correta para o retorno do senhor? Um vice do mercado seria interessante para aquela época “Lulinha paz e amor”? José Alencar foi o melhor vice que um presidente já teve no planeta. A minha relação com ele era uma relação verdadeira e muito companheira. Eu não o via apenas como empresário, via ele como cidadão brasileiro, comprometido até às suas últimas células com o desenvolvimento do Brasil, com o compromisso de acabar com a pobreza e fazer com que o Brasil adquirisse soberania. Ele era um homem nacionalista, comprometido com esse país. Não é uma aliança com o mercado. Fazer uma aliança com um empresário… não é qualquer empresário. É aquele empresário que tenha compromisso de perceber que o país só vai dar certo quando a gente tiver mais emprego, aumentando a renda per capita, quando as pessoas puderem viajar, ter acesso à cultura, puderem tomar café, almoçar e jantar e ter acesso à educação. O empresário que tiver essa mentalidade pode contribuir para que possa fazer um baita de um governo. (…) No meu governo não tinha segredo, não tinha conversa fiada e sigilosa, não tinha surpresa. Tinha credibilidade, e isso eu fazia questão de dizer sempre. O que faz um governo dar certo é ele ter credibilidade, ninguém pode ser pego de surpresa.

A eleição neste ano está em stand-by e aguardando as decisões em torno da Lava Jato relacionadas ao senhor. Muitos já não acreditam tanto que as decisões sobre as ações às quais o senhor responde vão sair rapidamente. Como o senhor acompanha candidaturas como a de seu ex ministro Ciro Gomes? Será difícil enfrentá-lo em uma possível eleição? Em entrevista ao Super N, ele disse que o senhor teria bom senso em não se candidatar. Eu já disputei com o Ciro duas vezes. Ele já foi candidato duas vezes. Neste contexto de agora, eu estou melhor ou igual a sempre. Eu não sou melhor nem pior que ninguém. Quem está pior que eu é o pessoal da Lava Jato, que contou mentiras ao meu respeito. A Polícia Federal da Lava Jato mentiu, o Ministério Público mentiu e o juiz aceitou as mentiras e está me julgando e me condenando por coisas que eu não fiz. Eles é que estão com problemas de explicar para a opinião pública que eu não cometi o crime que eles gostariam que eu tivesse cometido. Eu já provei minha inocência. Agora cabe a eles ter coragem e me pedir desculpas, desculpas à sociedade brasileira com o que estão fazendo neste país. Não estão apenas apurando corrupção. Estão destruindo a indústria nacional, destruindo o emprego e a credibilidade deste pais. Eles invadiram minha casa, invadiram a casa dos meus filhos. Procurando o quê? Deviam estar procurando ouro, joias, dólar. Eles encontraram isso na casa do Serra, do Aécio, do Temer, do Cunha, do Cabral, na casa de não sei de quem, no banco da Suíça, na casa no Nuzman, e não encontraram na minha casa. Eles poderiam ter ido para a televisão pedir desculpa a mim e ao povo brasileiro pela falta de compostura deles em duvidar da minha honestidade. Eles não fizeram isso porque estão subordinados à imprensa, um pacto maquiavélico entre a Polícia Federal, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a imprensa. Eu estou nu diante deles para investigar, só espero que depois eles tenham coragem de pedir desculpa à sociedade brasileira.

Quem seria o candidato ideal para disputar com o senhor pelo PSDB?  Eu não sei, não quero escolher. Desde 2005, há um setor da classe política e da imprensa que tenta destruir o PT, e tem três anos que tentam destruir o Lula. Tenho mais de 60 capas de revistas contra mim, tenho mais de 25 horas de “Jornal Nacional” contra mim. Estou dizendo do Jornal Nacional, mas posso falar de todos. O que é mais importante é que tem uma pergunta que eles fazem, que 80% dos brasileiros não gostam de política, mas dos 20% dos brasileiros que estão preocupados com política, 20% têm preferência pelo PT. Em segundo lugar estão o PSDB e o PMDB com 1%. Isso deixa meus adversários com mais raiva. Eles estão nesta disputa para ver quem vai disputar comigo. Eu não me preocupo, porque o PSDB está muito fragilizado. Eles me dão um tiro de canhão todos os dias, e eu estou vivo. Deram um tiro de garrucha no Aécio, e ele não aguentou. Eu sou daqueles que acredita que política acaba, ela cresce de acordo com a situação, é igual futebol. O Mano Menezes estava em Minas em um tempo e foi mandado embora, porque não valia mais, ele volta para o Cruzeiro, está vivendo um momento excepcional, hoje é o melhor time do segundo turno do Campeonato Brasileiro. O Mano está sendo disputado por outros times, é uma demonstração que, nem na política, nem no futebol, tudo depende do momento. Eu torço que qualquer pessoa que venha disputar as eleições com o PT eleve o nível das eleições, discuta problemas de governo, e não abaixando o nível como o Aécio fez com a campanha contra a Dilma.

2 comentários em “ENTREVISTA COM LULA : ‘Eles me dão um tiro de canhão todos os dias e eu estou vivo’”

  1. A parcialidade da matéria, começa pela foto!
    Lula é um perseguido político, só porque era pra ter dado errado!
    Como ele fez o melhor governo desse País, com inclusão, ra ai a perseguição, jurídico/midiático, contra ele!
    Pau que da em Chico, protege o Francisco (Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Michel Temer, Geraldo Alkmin, Aécio Neves e etc)…!
    Aos meus amigos, tudo de bom da lei!
    Aos meus inimigos, os rigores da lei!
    Tudo normal no Bananal…

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