Se a gravação divulgada entre Michel Temer e Joesley Batista é a tal “prova infalível” de que o presidente protege Eduardo Cunha, nada está provado

Durante o dia de hoje, muito se falou sobre a gravação que comprovaria que o presidente Michel Temer sabia que o ex-deputado Eduardo Cunha recebia uma mesada para comprar seu silencio e que também incentivou essa prática. A prova disso era a frase dita pelo presidente: “Tem que manter isso, viu?”

A única conclusão possível é que Temer incentiva Joesley a manter relação sem conflitos com Eduardo Cunha
Reprodução 01.05.2017

A única conclusão possível é que Temer incentiva Joesley a manter relação sem conflitos com Eduardo Cunha

Somente os grupos que desejam que o caos se estabeleça no Brasil e que não aceitam o consistente caminho de estabilidade que o país começa a encontrar é que podem forçar esse tipo de conclusão. Leia abaixo a transcrição do trecho do áudio, quando o presidente Temer fala a tal frase: 

Joesley: Eu estou lá me defendendo. Como é que eu, o que é que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora? Eu tô de bem com o Eduardo…

Presidente Temer: Tem que manter isso, viu?

Joesley: Todo mês, também, eu estou segurando as pontas, estou indo. Esse processo, eu estou meio enrolado, assim, no processo…

A única coisa que alguém equilibrado e honesto pode concluir é que Temer incentiva Joesley a manter uma relação não conflituosa com Eduardo Cunha. É impossível concluir que Joesley, ou qualquer outra pessoa, está pagando uma semanada para comprar o silencio de Cunha, e muito que o presidente sabia e incentiva a alegada prática.

A decisão de comprometer o governo Temer com esse tipo de “prova” é irresponsável e precipitada. Esse tipo de ação estabanada lembra muito o fiasco da recente operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março, que mobilizou cerca de 1.100 policiais. Após gerar um enorme impacto negativo para a imagem do Brasil como maior exportador de carne do mundo, a PF concluiu dias mais tarde que os problemas eram apenas pontuais, apenas um equívoco.

Tudo isso acontece no mesmo momento em que o gigantesco volume de corrupção em que a JBS confessa estar envolvida se aproxima mais e mais dos governos do PT de Lula e Dilma. Segundo denúncia da revista “Época”, a JBS depositou cerca de R$ 300 milhões em propina devida ao Partido dos Trabalhadores, numa conta secreta controlada por Joesley Batista na Suíça.

A origem deste dinheiro ilegal viria das vantagens ilícitas obtidas pela JBS durante os governos de Lula e Dilma, especialmente durante a gestão de Luciano Coutinho, presidente do BNDES. Segundo Joesley, o dinheiro era sacado no Brasil em nome de Lula e por ordem de Lula, às vezes por meio de Guido Mantega – e também em campanhas do PT em 2010 e 2014.

Há poucos dias das históricas reformas trabalhistas e previdenciárias que foram cuidadosamente costuradas pelo governo Temer serem votadas com boas chances de serem aprovadas, é de se perguntar a quem interessa destruir esse processo, no estilo do quanto pior melhor.

Ouça o áudio completo: