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Biliu de Campina morreu enquanto o forró agoniza em praça pública (Silvio Osias)

Biliu de Campina morreu enquanto o forró agoniza em praça pública

O cantor de 75 anos estava hospitalizado depois de levar uma queda.



					Biliu de Campina morreu enquanto o forró agoniza em praça pública
Foto/Divulgação.

Biliu de Campina morreu nesta segunda-feira, oito de julho de 2024. Ele tinha 75 anos e estava na UTI do Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande depois de levar uma queda em casa.

A morte de Biliu me trouxe a lembrança de uma frase do jornalista Agnaldo Almeida, que também nos deixou em 2024. Campinense, menino pobre de Zé Pinheiro, Agnaldo dizia: “O forró morou em Campina Grande”.

Agnaldo se referia à efervescência dos tempos em que houve Jackson do Pandeiro, Rosil Cavalcanti, Marinês e que todos os grandes nomes da música nordestina passavam pela cidade, suas praças e emissoras de rádio.

Biliu veio muito depois. Ele era de 1949 e só veio se projetar quando já era homem feito. Mas Biliu representava esse povo todo da época em que “o forró morou em Campina Grande”.

Biliu de Campina era “filho” de Jackson do Pandeiro. Bebeu em Jackson. No tipo de música que escolheu para cantar, no instrumento que tocava, na divisão rítmica, no modo de cantar, no suingue.

Ter Jackson do Pandeiro como referência, como modelo, foi o que associou Biliu de Campina a uma tradição que era de um outro tempo. Uma tradição da qual ele acabou sendo autêntico representante e a manteve viva.

Biliu foi hospitalizado em 24 de junho, dia de São João. É somente uma coincidência, mas, se quisermos, há algo de simbólico nessa coincidência.

Biliu foi adoecendo para, afinal, morrer num tempo em que o forró se debate para sobreviver nas grandes festas populares do mês de junho. Na festa de Campina Grande, que é a maior de todas, mas também na de outras cidades da Paraíba e de outros estados nordestinos.

Biliu não chegou a conquistar expressão regional. Ele era de Campina, como está explicitado no seu nome artístico. E ele foi grande sendo de Campina.

Atualmente, a Paraíba tem Flávio José, que é nome de dimensão regional, e tem Elba Ramalho, que é nacional. São duas vozes que cantam o forró e defendem a música nordestina.

Biliu de Campina foi levado para o hospital no dia de São João e morreu duas semanas depois. Biliu de Campina morreu enquanto o forró agoniza em praça pública.

Foto/Divulgação

Silvio Osias

3 comentários em “Biliu de Campina morreu enquanto o forró agoniza em praça pública (Silvio Osias)”

  1. O texto reflete o que está acontecendo com o forró no Nordeste. Infelizmente, essa expressão musical está morrendo para dar lugar à quebradeira geral, estilo que nem nome tem ainda, mas que arrasta multidões para as festas juninas do tempo de hoje. Uma pena.

  2. A nossa esperança é que, como já aconteceu em tantos “setores”, a “moda” do forró um dia volte e reine novamente.
    Precisamos d

  3. A nossa esperança é que, como já aconteceu em tantos “setores”, a “moda” do forró um dia volte e reine novamente.

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