Ministro do Supremo que morreu no acidente aéreo havia revogado a prisão domiciliar do banqueiro no ano passado; queda da aeronave matou outros 4

    Carlos Alberto Fernandes Filgueiras era sócio Carlos Daniel Rizzo da Fonseca, que integra quadro societário do BTG
    Reprodução/Jucesp

    Carlos Alberto Fernandes Filgueiras era sócio Carlos Daniel Rizzo da Fonseca, que integra quadro societário do BTG
     
     

    Dono do avião que caiu na última quinta-feira (19) com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, o empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras – dono do grupo hoteleiro Emiliano – era sócio do banco BTG Pactual em um empreendimento imobiliário.  A instituição financeira era presidida até o fim de 2015 pelo banqueiro André Esteves, que já foi preso em ação da Operação Lava Jato e teve a prisão revogada justamente por Teori.

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    Amigo de Teori , Figueiras era sócio de Carlos Daniel Rizzo da Fonseca na empresa Forte Mar Empreendimentos e Participações S.A, que, de acordo com o jornal “O Globo”, é proprietária do prédio ocupado pelo Hotel Emiliano na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. De acordo com a Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), Fonseca integra o quadro societário do BTG Pactual.

    A Forte Mar Empreendimentos e Participações possui capital de R$ 116,7 milhões, informa a Jucesp. Ainda de acordo com o “Globo”, Filgueiras tinha participação de 10% no quadro societário da empresa.

    Em abril do ano passado, o STF revogou a prisão domiciliar de André Esteves, que cumpria a medida cautelar desde dezembro de 2015. Com a decisão – que foi tomada justamente por Teori Zavascki, que era o relator da Lava Jato no Supremo –, o banqueiro voltou a ter autorização para trabalhar no banco.

    A amizade entre o ministro e o empresário Carlos Alberto Fernandes Filgueiras tem outro ponto que levanta suspeita: ele era dono da J. Filgueiras Empreendimentos e Negócios Ltda. De acordo com a Revista Fórum, a empresa pretendia construir um complexo hoteleiro na Fazenda Itatinga, em Paraty, mas teve a licença prévia indeferida pela secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro em outubro de 2016. A revista informa que o empresário era réu no Supremo, sob acusação de crime ambiental, em razão de construções irregulares na Ilha das Almas, onde fica a fazenda. É de se esperar que um ministro do STF não se relacione com empresários que possuem dívidas com o Judiciário.

    Em 2009 o procurador da República Fernando Amorim Lavieri já havia investigado possíveis danos ambientais na região da fazenda, localizada em área de manguezal. A fazenda fica na Área de Proteção Ambiental (APA) Cairuçu, de preservação federal. 

    Acidente

    Filgueiras e o ministro do STF morreram no voo que partiu do aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, com destino a Paraty, no Rio de Janeiro. Outras três pessoas estavam no avião e também não resistiram: a massoterapeuta Maíra Lidiane Panas Helatczuk, 23 anos; a professora Maria Hilda Panas Helatczuk, 55, mãe de Maíra; e o piloto da aeronave, Osmar Rodrigues.

    O avião que transportava Teori era um Beechcraft King Air C90GT, registrado com o prefixo PR-SOM. O equipamento estava registrado na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) em nome da empresa Emiliano Empreendimentos e Participações Hoteleiras e foi adquirido pelo grupo em outubro de 2015. A aeronave, um turbo-hélice com capacidade para transportar sete pessoas, tinha Certificado de Aeronavegabilidade válido até abril de 2022. A data de validade da IAM (Inspeção Anual de Manutenção) seria em abril deste ano.