A incrível Pedra do Ingá
Algumas assemelham-se a cápsulas espaciais e a humanoides, o que, ao longo de décadas, tem despertado o interesse de ufólogos. Dizem por aí que “Eram os deuses astronautas?”, o livro que o suíço Erich von Däniken escreveu com este título, obra conhecida no mundo inteiro, faz referência a essa pedra. O livro, que ainda não li,
surgiu à época do lançamento de “2001, Uma Odisseia no Espaço”, o filme fabuloso de Stanley Kubrick. Arqueólogo e teórico da conspiração, o velho Erich é figura para lá de polêmica. E é uma das caras por trás de “Alienígenas do Passado”, a série da tevê conhecida mundialmente. Lembro de uma entrevista que ele concedeu a Jô Soares, em abril de 2003.
Mas, vamos lá. O termo “Itacoatiara”, originário do tupi, é traduzido como “pedra pintada”. Contudo, não é pintura o que exibe a pedra localizada em Ingá, município situado a 70 quilômetros de João Pessoa. São, ao invés disso, inscrições insculpidas em baixo relevo, há milhares de anos, na superfície de um gnaisse duríssimo.
O saudoso pesquisador paraibano Balduíno Lélis – que já fez reproduções das Itacoatiaras em painéis de madeira para organismos públicos da Paraíba – garantia que aquilo tem linguagem matemática. “As figuras ocorrem em múltiplos de três”, assegurava a quem o interpelasse sobre o assunto.
No meio acadêmico, há quem veja na Pedra do Ingá o resultado da ação de tribos locais, em eras pré-colombianas. Ao questionamento de que os índios não dispunham de ferramentas capazes de perfurar o gnaisse,
um desses estudiosos, a professora Ruth Almeida, já respondeu que isso foi conseguido, geração após geração, com a percussão de seixos para a formação de sulcos depois acentuados com a fricção de areia.
A explicação não convence a todos. Balduíno, por exemplo, nunca esteve disposto a aceitar que todas aquelas figuras, únicas em sua complexidade, tamanho e formato, sejam produtos do ócio de povos indígenas. “Aquilo contém uma mensagem”, disse-me quando eu o entrevistei para o “Jornal do Commercio” do Recife, edição de 8 de maio de 2000. A matéria então lastimava o descaso oficial com o monumento constantemente erodido pelo Rio Ingá, em cujo leito se encontra, e por choques térmicos decorrentes da intermitência de sol e chuva.
Outra versão – não comprovada, também – vincula as Itacoatiaras a uma expedição egípcia que, no tempo das pirâmides, haveria aportado no Litoral paraibano depois de ter-se perdido no mar.
Seja como for, a Pedra do Ingá e seus mistérios continuam à espera da decifração. Enquanto isso não acontece, o local é invariavelmente procurado por paleontólogos, ufólogos, integrantes de grupos esotéricos e pesquisadores empenhados na produção sucessiva de ensaios e livros, dentro e fora do Estado.
Porém, foi ainda melhor verificar a boa afluência de público ao local e constatar, bem aliviado, que tudo aquilo está em boas mãos: as de Vavá da Luz, o secretário municipal de Turismo que ali instalou seu Gabinete. Assim o fez em recanto de um Museu Natural com acervo formado por conchas, ossos e ilustrações de animais que povoaram a pré-história brasileira.
Afável, solícito e bem-humorado, ele a todos recebia com um sorriso largo e o convite à renovação da visita. Vavá, afinal, parece ser de uma espécie de gestores públicos quase tão raros quanto a Pedra exibida, em bons modos, ao interesse de meio mundo.
Extremamente lindas!!!!
Não é possível comentar.