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O mundo é das mulheres? (Roberto Cavalcante)

Os homens vêm fazendo esta pergunta já há algumas décadas. Em muitos momentos, se depararam com controvérsias. Neste começo de século 21, porém, eles se aproximam a passos céleres da contundente resposta:

Sim, é delas.

Todas as estatísticas mostram que, quebrando as amarras, elas se agigantam.

Nós, claro, não ajudamos nessa libertação.

Foi a necessidade que trouxe, na contemporaneidade, o gênero feminino para o olho do furacão – um processo que começou no final da primeira grande guerra e se consolidou na segunda.

Como estávamos ocupados em matar e morrer nas batalhas, elas tiveram que compensar nossa ausência.

E superaram todas as expectativas.

Primeiro como enfermeiras, aparando nossos pedaços, acolhendo a massa masculina de farda. Depois, não havia mais limites.

Da manutenção de aviões da força aérea inglesa – A Royal Air Force – até o comando de grandes nações, a onipresença feminina se consolidou. E agora domina o mundo, confirmando seu intenso potencial.

Eu, por exemplo, sou do time que prefere trabalhar com elas. E aprendi a reconhecer o talento feminino com muito exercício doméstico. Dona Beatriz, minha mãe, já era uma mulher produtiva no Recife da década de 30. Mesmo com sua aura conservadora, Pernambuco não prescindia da mão de obra feminina.

De lá prá cá, a dependência do trabalho das mulheres é fenômeno irreversível. E elas estão suplantando os homens em praticamente todos os setores, ocupando ambiências até então só acessíveis aos do gênero masculino.

Não há, de fato, mais nenhum espaço proibido para as mulheres. Das forças armadas à aviação; das competições automotivas aos epicentro das maiores corporações mundiais, lá estão elas.
Mulheres como a cientista política Adriana Machado, primeira a assumir o topo da General Eletrics no Brasil. Ou da varejista Luiza Helena Trajano, que comanda a rede Magazine Luiza. Ou ainda como Virginia Rometty, Ceo (chief executive officer) da gigante de tecnologia IBM.

Nos concursos públicos, por exemplo, conquistam as melhores vagas. Na Justiça também, vide o exemplo da doutora Helena Delgado Fialho, diretora do Fórum da Justiça Federal na Paraíba. E de muitas de suas colegas de toga. Com destaque para o pioneirismo da desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, primeira mulher a comandar a presidência do Tribunal de Justiça da Paraíba.

Na política, embora algumas siglas não preencham as vagas destinadas as mulheres, elas ocupam lugar de destaque no panteão eleitoral neste 2014, com a presidente Dilma Rousseff disputando a reeleição e a candidata Marina Silva escalando as pesquisas de intenções de votos com furor.

Ambas já assumem o protagonismo da disputa eleitoral no Brasil.

Na América Latina, mais cinco países (Nicarágua, Panamá, Chile, Argentina e Costa Rica) têm ou tiveram presidentes mulheres. Nenhuma delas ditadora.

Atravessando o Atlântico encontramos Angela Merkel comandando a economia mais resistente da Europa- o que faz da Alemanha um oásis de prosperidade em meio a recessão enfrentada pelos países que compõem o Velho Mundo.

Mais do que ocupar todos os postos disponíveis, é impressionante assistir a velocidade dessa ocupação. É vertiginosa.

E como um olho masculino acompanha essa trajetória?

Lamentando, claro.

De fato, lamento – e com profundidade – todo o tempo que perdemos (que o mundo perdeu) excluindo as mulheres do processo econômico.

Parodiando a famosa passagem bíblica, peço em nome do meu gênero:

– Perdoem, não sabíamos o que fazíamos.

Nossos antepassados temiam a manifestação do poder feminino. Não imaginavam que a equidade financeira só consolidaria os casais – tendo a parte masculina a certeza de que a relação sobrevive pelo amor e não pela dependência.

Os divórcios podem até ter aumentado. Mas os que perduram são muito mais saudáveis. Pois não são arrastados por mulheres amarguradas, que aceitam passivamente casamentos arruinados por absoluta falta de opção.

Enfim, elas estão livres para qualquer escolha. E o que escolheram?

Tudo.

Serem produtivas. Serem apaixonadas. Serem mães.

E dão exemplo maravilhoso às futuras gerações, conquistando seus espaços, sacramentando a independência financeira, sem deixar de atender – com extremo amor – o sonho instintivo de acalentar suas proles

1 comentário em “O mundo é das mulheres? (Roberto Cavalcante)”

  1. Como toda força aplicada tem outra de igual e sentido contrário e tudo tem seu preço, a emancipação feminina teve seu louvores e dissabores. O afastamento da mulher do seio familiar trouxe depois de muitos anos uma geração de jovens desorientadas social e sexualmente disvirtuados não que a mesma proporcionasse isto porém uma vez afastando-se de casa fez com que estas crianças fossem orientadas em sua primeira fase de vida de descobertas e conhecimentos por pessoas as vezes insalubres ao seu seio familiar provocando em muitos desvios de personalidade que lhe atingiriam por toda sua vida. Ah! controvérsias existe e como o assunto é complicado eu parabenizo a mulher pela sua evolução graças a sua capacidade de trabalhar e inteligência e que cada leitor fique ou fale sua opinião.

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