Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

CLUBE DA HISTORIA EM : Eu quero ser mãe agora, já! e Amar-te-ei para sempre (Duas Lindas Historias)

 Numa bela manhã de primavera… CRACCC! Julote nasceu. — Bom dia, Julote ! — diz-lhe um pintainho. — Queres brincar connosco? — perguntam-lhe em coro as suas irmãs e irmãos pintainhos. Julote olha para eles com inquietação: — Não, não tenho tempo. Tenho outra coisa para fazer.

Uma galinha, que está ali à beira, diz-lhe: — Bom dia, meu bebé! — Bom dia, Mamã ! — responde-lhe Julote, aproximando-se dela — És tão querida e cheiras tão bem! Mamã, sabes o que o que eu quero mesmo? — Diz-me, minha linda! — Quero ser mãe como tu! A galinha sorri: — Ora vamos lá ver, isso não é possível, tu és muito pequenina para pôr um ovo. Mas Julote não concorda. E, quando Julote não concorda, diz muito alto: — NÃO! Eu quero ser mãe…agora. Já! E, para começar, pensa, precisa de um ovo! E zás! Lá vai ela atrás do ovo! Julote caminha durante muito, muito tempo… Um, dois, um, dois… Até ao dia em que acaba por encontrar um ovo abandonado, um ovo gigante! É impossível subir para cima dele. — Ó Dona Rã, ajude-me, por favor! Felizmente, a rã tem umas grandes patas.

Upa! Para cima! Lá no alto, Julote sente-se orgulhosa. E diz bem alto: — Olhem todos, sou eu, a Mamã Julote… E ao meu bebé, vou chamar-lhe Mini-Julote! Mas ai, ai, ai! O que se passa? O ovo mexe-se, Julote cai por ali abaixo e o ovo parte-se! — Mas, quem és tu? Eu não te conheço! — Bom dia, MAMAAÃ! Assustada com este bebé tão esquisito, Julote grita: — És tu a Mini-Julote ? Mas eu não quero ser a tua mamã! E zás, sai dali rapidamente! Cabisbaixa, desata a correr e TRÁS… vai contra uma árvore! Julote levanta a cabeça e, no lugar da árvore, vê duas patas e um papo muito, muito grandes e, lá no alto do pescoço, uma cabeça enorme que se inclina e lhe pergunta gentilmente: — Bom dia, pintainho, não viste o meu bebé ? É uma avestruz pequenina, meiguinha e muito querida. Julote não compreende: — Um bebé avestruz ? O que é isso? Nesse preciso momento, um grito fortíssimo ecoa na savana.

— MAMAAÃ! É a Mini-Julote que procura a sua mãe. — A minha avestruzinha bebé! — diz bem alto a avestruz mãe. Julote não está nada contente: — Eu não quero ver o seu bebé outra vez! Eu quero ir para a beira da minha mãe! E lá vão a correr uns atrás dos outros: o pintainho, o bebé avestruz e a mãe avestruz … — Pequenino! Pequenino! A tua mamã sou eu! — Mamã! Mamã! Anda cá, Mamã ! — Socorro! Socorro! Já não quero ser mãe! — grita Julote Na quinta, a mãe galinha avista uma nuvem de poeira ao longe.

Esconde-se muito depressa no feno com todos os seus pintainhos… Julote, ofegante, mergulha por sua vez no feno e nesse preciso momento… — COCOROCÓ ! Empoleirado num fardo de feno, o papá galo canta muito alto! Assustados, a mãe avestruz e o seu bebé dão meia volta e fogem para bem longe dali! Julote está encantada! Deita a cabeça de fora e arregala os olhos: — Mas…é o meu papá! É tão grande, é tão forte! E também tem uma bela voz! Então Julote toma uma decisão muito importante e diz: — Papá… — Sim, minha querida? — Sabes o que eu quero mesmo? — Diz-me, minha pequenina. — Quero ser pai como tu! O Papá Galo sorri: — Ora vamos lá ver, isso não é possível… Mas Julote não concorda e, quando isso acontece, diz com toda a força: — NÃO! Eu quero ser pai, AGORA, JÁ!

 

Alex Cousseau ; Philippe-Henri Turin (ill.) Je veux être une maman tout de suite !

Paris, l’école des loisirs, 2004 (Tradução e adaptação)

AMAR-TE-EI PARA SEMPRE

 Uma noite, uma mãe segurava ao colo, com muito carinho, o seu bebé recém nascido, e cantava suavemente esta canção de embalar: Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho. O bebé cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa fez dois anos. Andava por toda a parte, deitava abaixo os livros das prateleiras da biblioteca e abria o frigorífico.

Um dia, agarrou o relógio da mãe e lançou-o à sanita. Por vezes, a mãe desabafava “Esta criança ainda vai pôr-me DOIDA !” Mas, à noite, quando o menino dormia, ela entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da sua caminha e contemplava-o no U sono. E vendo que ele dormia profundamente, apertava-o nos braços com muito carinho, e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar: Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho. O menino cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa fez nove anos.

À tarde, nunca queria fazer os trabalhos de casa, recusava-se a tomar banho e resmungava diante da avó. Às vezes, como gostaria a mãe de o despachar para o jardim zoológico! Mas à noite, quando o filho dormia, a mãe entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono. E vendo que ele dormia profundamente, embalava com ternura aquele rapagão de nove anos nos braços e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar: Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho. O rapaz cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa se tornou num adolescente. Dava-se com colegas extravagantes, usava roupa também extravagante e escutava música igualmente extravagante. Por vezes, a mãe tinha a impressão que estava num jardim zoológico! Mas, à noite, quando o seu filho dormia, a mãe entreabria a porta do quarto, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono.

E vendo que ele dormia profundamente, sustinha carinhosamente este colosso nos braços e cantava-lhe baixinho esta canção de embalar: Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho. O adolescente cresceu, cresceu, cresceu, cresceu ainda mais, e depressa se tornou num adulto. Deixou a família e instalou-se na outra ponta da cidade. Mas, às vezes, em plena noite, a mãe atravessava a cidade de carro. Vendo que todas as luzes estavam apagadas, abria a janela do quarto do filho, entrava na ponta dos pés, ajoelhava-se perto da cama e contemplava-o no sono. E vendo que dormia profundamente, apertava com ternura aquele homem nos braços, e cantava-lhe muito baixinho esta canção de embalar: Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre o meu filhinho. A mãe foi envelhecendo, envelhecendo cada vez mais.

Um dia, telefonou ao filho e disse-lhe ” Devias vir. Estou velha e doente.” Então o filho foi vê-la. Mal ele entrou, ela quis cantar-lhe a sua canção de embalar. E entoou: Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho…. Mas não conseguiu acabar. Estava demasiado velha e muito doente. O filho correu para a mãe, embalou-a com ternura nos braços, e cantou-lhe suavemente esta canção de embalar: Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serei sempre o teu filhinho. Nessa noite, de regresso a casa, o jovem hesitou muito tempo no último degrau da escada. Em seguida, entrou no quarto onde a filha pequena dormia. Tomou-a carinhosamente nos braços e cantou-lhe muito baixinho esta canção de embalar: Sempre te vou querer, De noite e com sol redondinho, E enquanto eu viver, Serás sempre a minha filhinha.

 

Robert Munsch ; Sheila McGraw (ill.) Je t’aimerai toujours Ontario, Firefly Books, 1989 (Tradução e adaptação)

 

1 comentário em “CLUBE DA HISTORIA EM : Eu quero ser mãe agora, já! e Amar-te-ei para sempre (Duas Lindas Historias)”

Não é possível comentar.