Por vezes me deparo com metáforas, ouvindo cânticos, artigos meus, “discurso de colação de grau em 2004”, poemas e contos, que já fazem parte do meu voar.
Quantos textos lidos em Leonardo Boff, e cada vez mais eu sinto atualizada a obra, no caminhar dessa tal humanidade.
Quantos querem presas as águias, e criar como galinhas, trancadas em um local sem nunca imaginar que as asas crescem.
Quantos ainda tentam cortar as asas do voo majestoso, do voo limpo.
Há ainda os que querem abater em pleno voo, para deliciar-se, apreciando a queda.
Voa, águia, sufoca o corvo com teu voar.
Ergue a cabeça, águia, para o milho jogado, e grita teu canto na montanha livre.
Faz do teu voar instrumento de outros voos.
Desperta no teu voar e no teu canto, reverência de força e coragem.
Demonstra com teu traçado que teu olho mira o sol e, no horizonte, ergue as asas na direção do vento certo.
Pousa em refúgio no teu ninho, junto de tuas crias, e ensina o voo perfeito.
A música diz:
“Tu me fizeste amar o risco das alturas
Com ânsia de chegar
E embora eu seja como as outras criaturas
Não sei me rebaixar
Não vou brincar de não ter sonhos se eu os tenho
Sou da montanha e na montanha eu vou ficar
Igual meus pais vou construir também meu ninho
Mas não sou águia se lá em cima eu não morar
Tenho uma prece que eu repito suplicante
Por mim, por meu irmão
Dá-me esta graça de viver a todo instante
A minha vocação
Eu quero amar um outro alguém do jeito certo
Não vou trair meus ideais pra ser feliz
Não vou descer nem jogar fora o meu projeto
Vou ser quem sou e sendo assim serei feliz”.
Por muitos passos escuto essa oração. Paro, reflito, deixo a lágrima cair e os anjos me enviam, em Salmos, 55:22: “Lança a tua carga sobre o Senhor, e ele te susterá; não permitirá nunca que o justo seja abalado”.
E sigo meu voo, em graças e projetos do bem.
De um dia de domingo
05/01/25
Carlos Marques Dunga Jr
Corvos, saiam da frente, que a águia está passando.
E parafraseando O Auto da Compadecida:
“Só sei que é assim…”