Recente texto de Ronaldo Martins Gomes assim se intitula: “A violência social é a fonte da violência escolar”, sendo a escola o lugar onde deveria acontecer a educação da sociabilidade. Mas, a formação das crianças mais sucede em casa do que na escola. Desde o berço, ela passa mais a viver entre seus irmãos e pais, do que entre os colegas da sala de aula. E se intensifica, porque é em casa, onde ela permanece maior tempo, convivendo em família. Se a família é uma convivência de violência ou de violências, tais crianças, formadas por um caráter violento ou para hábitos violentos, levam esse comportamento irascível e tal educação para sua rua, seu grupo social ou para sua escola, que se soma a outros indivíduos violentos, que também aprenderam nas suas origens familiares.
Desde que nascemos, a família é o nosso primeiro grupo social; daí, ser antigo o provérbio, universalizado desde a antiguidade: Talis pater, talis filius, em que poderia se substituir pater por mater. Ou em síntese: pais violentos, filhos violentos, em casa e fora de casa. Podemos também considerar o que alegam as mães em relação aos filhos que se iram por qualquer motivo: “Esse menino já nasceu com esse temperamento muito forte”, o que teoriza Platão, em A República (Politeia), que a anima irascibilis (alma irascível) se incorpora em quem nasceu, com essa vocação, para, na sociedade, constituir o grupo social de espírito irascível. Seriam características de nascença?
Das nossas sociedades transbordam rios de variadas violências, físicas ou simbólicas, que são constantemente visíveis e propagadas pela mídia ou intensamente pelos aparelhos celulares. Como se evitar que o meio escolar não seja atingido? Há outras violências globais, como os bombardeios na Ucrânia ou, em especial, a matança contínua de crianças na Faixa de Gaza, que mata também jornalistas que noticiam esse genocídio, combatido por apequenado protesto da imprensa. Como agora mesmo escuto: “Atirador fere mais de 17 pessoas, e mata duas crianças, numa Igreja Católica, em Minneapolis, nos Estados Unidos”. Quando não, toma-se como alvo alunos, de infortunada escola, atingidos por arma adquirida em qualquer loja da esquina. Desses violentos crimes, como salvaguardar a escola da violência?
A escola de salas vazias não contém alguma violência. Preenchem-se desse mal à medida que os alunos, professores e funcionários chegam a partir da manhã, para movimentar as relações das suas atividades, cuja complexidade é indissociável. Os violentos não são gerados na escola, mas fora dela; no âmbito escolar, praticam suas impetuosidades, quando querem e como podem. Ainda acerta Martins que “A violência na escola se refere às situações de violência cujas origens não estão necessariamente na escola, mas em atos e ações violentas que ocorrem fora da escola”. Imaginemos se tais crianças ou jovens não fossem moldados pelo violento mundo de hoje, seriam eles violentos ou teriam uma convivência de solidariedade e de amizade com seus colegas? Suas transformações se refletem na hipótese de Jean-Jacques Rousseau de como seriam as crianças apenas oriundas da Natureza e espontaneamente tratadas por ela.
Em qualquer pesquisa em educação que se realize, no âmbito escolar, sobre esse assunto, podem aparecer variações estatísticas, que se distinguirão na variação de interação, de intergrupo ou de intragrupo, mas jamais fora do universo, cujas maiores partes se iniciam em casa e, posteriormente, na rua. As tapas aprendidas em casa tornam-se socos dados na escola…
DESTAQUE: Desses violentos crimes, como salvaguardar a escola da violência?
Texto muito oportuno.
Concordo em gênero, número e grau!
Parabéns Damião