Encontrei na vida indivíduos que menosprezavam a Filosofia, e até debochavam dela. Mas, desde a adolescência, isso me entusiasmou a pensar sobre o que, nela lia e refletia, abordando o que diziam os grandes pensadores, e proporcionalmente a desprezar os que desdenhavam dos filósofos, sobretudo as pronunciadas demonstrações de que de Filosofia nada entendiam ou pouco compreendiam, todos ignorando o que objetivamente cogitava Horácio, a mens cogitans. Os filósofos, racionalmente conscientes, não fazem proselitismo das suas ideias. Enfim, suas adversidades são consideradas, apenas, ideias curtas que não vencem os séculos, apenas chegam nos limites de seu próprio campo de visão, como se fossem limites do mundo.
Em 1967, quando fui a Grécia acariciar as pedras em que pisaram ou se sentaram Sócrates, Platão e Aristóteles, trouxe para ficarem comigo, em mármore, seus pequenos bustos, que me acompanham, até hoje, junto aos livros da minha crescente biblioteca. Companhias ideais para quem sempre se dedicou a estudá-los. Aprendi, com eles, primeiramente, o que é ser e que é melhor ser do que ter. E, sobretudo, em Aristóteles a busca da inatingível perfeição, como melhor sentido de vida: tornar-se sempre melhor do que se é; fazer sempre mais perfeito do que se fez. Isso, dá esperança de que as coisas melhorem… Era um tempo do paganismo ou de muitos deuses, mas, com certeza o nosso Deus sempre foi apreciador dessas filosofias, que muito fundamentaram os pensamentos mais profundos do mundo, especialmente do nosso Ocidente, o que é tão presente na cultura ou que não contradiz as bem-aventuranças do Cristianismo.
Tal Filosofia demonstra e inspira uma coisa tão clara: nós podemos ser melhores do que somos… Existimos, daí o caráter humanista do existencialismo sartreano, procurando a prática desse ideal de perfeição, na certeza de que potencialmente somos melhores do que somos, vencendo contingências, mesmo na nossa miséria e na nossa grandeza, que se resumem na crítica sugestiva de Goethe: “Um pouco melhor viveria o pequeno deus do mundo (o homem), se tu não lhe houvesses dado o vislumbre da luz celestial que ele chama razão, e que dela só se serve para ser mais bestial do que todo animal”. Tal poeta discursa sobre a grandeza humana que se aperfeiçoa, e por incrível que pareça, nas atuais atrocidades da vida ou no grande universo, exatamente pela sua razão, aperfeiçoando-se e sendo mais do que uma simples coisa: o homem é capaz de filosofar.
Capaz é também de matar, de modo planejado, com finalidades que não decorrem da natureza, como o caso dos animais que o fazem, violentamente, por instinto, não tendo a razão como acontece aos humanos. Verifique-se, nos bombardeios, a força destruidora do seu irracional desejo, que tem todas as características e forma de violência que os animais desconhecem. Falando da razão, da liberdade de usá-la, devemos comparar os que possuem e os que não possuem a possibilidade do uso da razão.
O que nos ameaça são aqueles que, sem filosofia alguma, apavoram-nos com a perversão da razão humana, tão consagrada pela Filosofia da Justiça e do Bem Comum, caminhos únicos à nossa atual e futura sobrevivência, e mais tarde dos nossos descendentes, na imensa nave da humanidade… A quem recebe do povo a outorga de decidir e não sabe discernir, faltam-lhe sabedoria e Filosofia. Leiam, pensem, governantes e juízes, pois, somos melhores do que somos.
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