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Blog do Vavá da Luz

RAMALHO LEITE EM : A vila de Bananeiras

 

Uma povoação, no regime monárquico, adquiria sua independência política ganhando o status de Vila. Bananeiras, como povoado, estava inserida no mapa da Vila de São Miguel da Baía da Traição até que passou a integrar o território da Vila Real de Brejo de Areia em 1872. Seis anos depois, em 10 de outubro de 1833, foi dada emancipação política e criada a Vila de Bananeiras, “arrastando consigo os territórios de Guarabira, Cuité e Pedra Lavrada”, segundo Horácio de Almeida. O artigo segundo da lei que criou o novo município, ao invés de Pedra Lavrada, por certo fazendo parte de Cuité, se refere a Serra da Raiz. Guarabira chama-se, então, Independência.E prossegue Horácio: “em densidade dem ográfica, coloca-se Areia em terceiro lugar na Província, seguido apenas pela Capital e por Bananeiras. Nessa época, Bananeiras era a maior município do Brejo em extensão territorial, com uma área que ia até os limites de Areia ao Rio Grande do Norte, inclusive, o atual município de Araruna”.

Araruna esteve sob a jurisdição da Vila de Bananeiras até 11 de julho de 1877 quando se instalou como  Vila, com a posse dos seus primeiros vereadores, perante o presidente  Manoel da Costa Espínola, da Câmara de Bananeiras. Desde 1871, porém, nasceria a inconformação dos moradores de Araruna com a dependência de Bananeiras, principalmente devido à distância entre o distrito e a sede municipal. Araruna era administrada à distância pelos chefes políticos de Bananeiras. Um documento descoberto pelo historiador Humberto Fonseca de Lucena e firmado pelas figuras m ais representativas de Araruna, datado de 1871, defende a criação daquele município. Os moradores da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Povoação de Araruna, Termo e Comarca de Bananeiras reclamavam a distancia de nove léguas para se alcançar a sede municipal onde “são obrigados a prestar serviço do júri, reunir colégio eleitoral e requerer qualquer ato judicial”. O Barão de Mamanguape, senador do Império e presidente da Província sancionou a lei 616 que criou a Vila de Araruna, desmembrando-a de Bananeiras.

Está comprovado, pois, que Bananeiras emancipou-se em 1833 quando foi elevada à categoria de Vila, ganhando foros de município independente. Dois anos depois, seria criada a Freguesia de Nossa Senhora do Livramento e, apenas em 1879, seria elevada à categoria de cidade. Era assim no passado. Hoje, um distrito tem a sede em uma Vila, e ganhando emancipação passa a ser uma cidade, sede do respectivo município. É, portanto um equivoco histórico e que precisa ser corrigido, referir-se a 16 de outubro de 1879 como data da emancipação política de Bananeiras. Esta é a data da elevação da Vila à categoria de Cidade. Independência política e administrativa Bananeiras  possui há cerca de 182 anos, isto é, desde 10 de outubro de 1833, quando deu adeus à Vila Real de Brejo de Areia.

A comarca de Bananeiras, porém, seria criada, apenas, em 1857, pois permanecia vinculada à jurisdição de Areia desde que se tornara Vila. A Província, contudo,  não se descurara da cobrança de impostos. Por volta de 1844 foi instalada a coletoria de Bananeiras e seu primeiro coletor foi Estevão José da Rocha, agraciado, quase trinta anos depois, com o titulo de Barão de Araruna. O cemitério de Bananeiras, onde procurei o tumulo desse Barão, como se procura uma agulha no palheiro e não encontrei, seria construído em 1856. Mas a Vila ganhou o Correio dois anos depois de sua emancipação política, em 1835. A energia chegou na segunda década do s&eacut e;culo passado, em 1919 e o trem apitou pela primeira vez depois do Túnel da Viração em 15 de novembro de 1925. Humberto Nóbrega registra que em 1908 havia uma rede telefônica ligando Bananeiras a Moreno e às fazendas Jardim, Cardeiro, Gamelas, Muquem, Roma, Pilões, Genipapo e Cananfístula. De Borborema, José Amâncio falava por telefone com as cidades para as quais vendia energia. Nos anos 1940, Pedro de Almeida foi buscar água na Bica do Gato e distribuiu na cidade. O distrito de Chã do Lindolfo, hoje quase um bairro da antiga Vila de Bananeiras foi fundada por Lindolfo Américo Ferreira Grilo, justamente o primeiro escrivão do cartório do registro civil de Bananeiras, instalado em 1888.

Uma curiosidade revelada pelo historiador bananeirado Humberto Nóbrega: o primeiro estrangeiro a fixar residência em Bananeiras foi o português Tomás de Aquino Freire de Andrade que ali aportou por volta de 1887. Acrescento eu: esse portuga viria a ser o pai de dona Maria Eugenia Andrade Bezerra, esposa de Francisco Bezerra Cavalcanti, de cujo casamento nasceu uma única filha: Azeneth Bezerra Aragão, minha sogra.

Outra curiosidade: a energia vinda da Hidroeletrica de Borborema não era lá essas coisas… Que o diga o padre José Pereira Diniz quando registrou no Livro de Tombo da Igreja de N S do Livramento que o dr.Jose Amâncio fornecedor de energia à Igreja desde 1930, mandou em 1938 cortar a luz da Igreja. Motivo: todas as vezes que se acendiam as luzes da Matriz, havia uma queda de potência na iluminação publica, resultando em multa municipal contra a empresa. Corrobora com esse fato, a história do professor Waldez Borges: seu pai, Manoel Soares, comprou o primeiro ferro elétrico da cidade e quando sua mãe ligava o ferro as lâmpadas dos postes piscavam e o povo reclamava: “Mané Soares ligou o ferro elétrico!”

1 comentário em “RAMALHO LEITE EM : A vila de Bananeiras”

  1. PROFUNDO PÉSQUISADOR, CONHECEDOR DOS FATOS QUE FIZERAM HISTORIA NÃO SOMENTE NO BREJO PARAIBANO, COMO NO ESTADO. LEIOM SEMPRE ESSES COMENTÁRIOS HISTORICOS, QUE ENRIQUECEM NOSSO CONHECER. POLICTICAMENTE FALANDO, ME PERGUNTO ÀS VEZES, BEM QUE O NOSSO GOVERNADOR PODERIA, SIM, LEVÁ-LO À CONDIÇÃO DE SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO OU CULTURA DO NOSSO ESTADO. É SEM DÚVIDA UMA BOA AQUISIÇÃO POLÍTICA ADMINSITRATIVA. EQUANTO ISSO NÃO ACONTEÇE, CONTINUA RAMALHO, ESCREVENDO, OS SEQUIDORES AGRADEÇEM,

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