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Blog do Vavá da Luz

Por que um dia eu ouvi: “a água que tenho hoje para beber é o resto da lama coada do barreiro seco”.

É parte do cordel que escrevi: “Água para comer”. Foi por volta de 1999 que encontrei, numa visita, uma grande amiga, que me relatava assim o que eu via na minha frente. Era a imagem real, de uma vida e de um ser humano que atravessava mais uma estiagem no semiárido e resistia em olhos vivos e alma branda. Assim, segui adiante relatando para as pessoas que sentem em ouvir, que falam em escutar, que se colocam no mesmo lugar, que miram a luz em sentido maior.
Era dia quente, onde ao meu lado olhos também marejavam da cena presenciada. Podia existir naquele instante sentimento ruim, revolta, mas, o que me fazia cada vez mais parar, era a gentileza e educação com que se tratava aquele momento.
Qual seria a reação diante do copo de água barrenta que era alimento, respeito, e traduzir naquele instante coragem, para que ele no próximo gole fosse límpido e frio.
Muitas vezes me deparei com o caos, o dia ruim, a dificuldade, a sabotagem. Diante de todos esses instantes, lembro-me desse copo de água barrenta, que pude transformar em límpida, pura e clara. Os desafios que parecem ser impossíveis, basta sentir, ouvir, respirar e agir que, nessa junção, já se resolve muito.
Fé, respeito e dignidade fazem do ser humano um ser humano de verdade. Basta olhar para o outro quando para si mesmo estiver sido compreendido e dito que você pode e deve fazer. Celebrar merece ser a consagração maior do homem em realizar o seu feito. Respeito: essa é a maior chave para o dia branco, como disse Geraldo Azevedo, “se branco ele for”.

De um dia de domingo
Carlos Dunga Jr
26/11/23

1 comentário em “Por que um dia eu ouvi: “a água que tenho hoje para beber é o resto da lama coada do barreiro seco”.”

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