Marcos Pires
Reencontrei meus amigos do IPEP mais de 50 anos depois. Uma festa regada a saudades que foram da palmatória com a qual Dona Maria Bronzeado “ensinava” as lições aos seis hinos que cantávamos no pátio antes de entrarmos nas salas de aula.
Muitas histórias rolaram. Um dos amigos comprou uma casa à beira mar em Camboinha, e logo na segunda manhã do seu primeiro veraneio, viu algo inusitado acontecer. Era um entra e sai de amigos e parentes que ele não via desde muito tempo, todos se mostrando íntimos ao ponto de sentarem à mesa do café da manhã sem serem convidados, atrevendo-se a encomendar a Maria (a doméstica que meu amigo havia levado de sua casa no Miramar) tapiocas e pão assado, queijo de manteiga com muito cascão e até ovos fritos com a gema meio mole.
Aquilo foi o de menos, porque quando meu amigo enfim conseguiu sair da mesa e foi colocar sua jangada (Fibrape) no mar com destino a Areia Vermelha, a turba escalou-se para ir. A capacidade do barco era de 6 pessoas, mas ele teve que fazer 5 viagens seguidas levando 10 pessoas de cada vez. A esposa de um parente que ele não via há 8 anos gritou quando estavam chegando na ilha: “- Ei, seu Zé, dá pra parar mais atrás pra ninguém reparar que não viemos de lancha? ”.
Quando enfim ele e a esposa fizeram a sua sexta e última viagem, desembarcando para aproveitar o dia, trouxeram os isopores com bebidas e comida. A parentada e os amigos logo reuniram-se a eles para comer e beber de graça. Aqui e acolá ouviam-se poucas e boas. “- Fulana, é melhor esconder esse arrumadinho porque aqui eu vi que os chics só comem camarão e lagosta, vão pensar que nós somos pobres”. Ou então o amigo que gritou: “- Camarada, tá falido, é? Quem já viu cerveja Skin? Não tem nenhuma importada? ”. Mas o pior é que a maré já estava subindo e ele teve que fazer várias viagens de volta trazendo os “convidados”.
Chegando em casa a bagaceira estava pronta. Uns cinco ou seis garotinhos de 2,3 anos que não haviam acompanhado os pais e que estavam sendo cuidados pela filha mais velha dele (muito “satisfeita” por ter perdido o encontro com o namorado), haviam feito xixi em toda a piscina e o pior, à medida que iam fazendo o número 2 nas fraldas, essas eram transformadas em bolas e espalhadas pelo gramado, porque não dava tempo da babá improvisada jogar as porcarias no lixo.
(Continua na próxima semana)
A minha turma foi a pioneira do ginásio IPEP !
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