Disse-me um sobrinho que a sua mãe tinha 50 anos, embora tivesse a aparência de trinta. Se ela tinha os tais cinquenta eu não posso confirmar, mas que tinha a aparência de trinta. Ah! Isso tinha.
Já eu, hoje, sou quase exatamente o contrário, tenho aparência de quem possui mais idade. E de fato possuo. Vivi tudo com tanta intensidade, com tanta presença, com tanto ardor, que certamente acelerei o tempo.
Hoje não estou mais, assim, acelerando. Ao contrário, estou freando o que estar para acontecer. Para que aconteça mais lento, mais suave, com maior possibilidade de ser recebido, aceito, acolhido sem muito tremor.
Observando mais atento a mãe do sobrinho, verifico que ela passa por tudo muito rápido, como a certeza que vai ali e já volta, para apreciar melhor que está deixando para trás.
Já eu, hoje, sou quase exatamente o contrário, não tenho pressa. Por tudo passo vou me despedindo. Não tenho certeza os verei outra vez. Então, sempre acho que é hora de agradecer e abençoar o caminho. Até ao tomar um copo d’água, ou de cachaça, o abençoou agradecido.
Escrevo estas palavras tontas, na tentativa de atender ao pedido do Mestre Josivan, que me solicitou um escrito sobre o tempo e as suas consequências no ser. Tema difícil, pedido mais ainda de ser plenamente atendido.
Entretanto, ao Mestre Josivan, não é possível nada negar. Ele é aquele que dedica a vida a auxiliar os outros, os necessitados de ajuda. E como tal, é um grande obreiro da Arte Real.
Mestre Josivan, o tempo faz a gente conjugar o verbo: como fui, como sou e como, provavelmente, serei. Ou desejaria ser. É assim o tempo e suas manifestações.
Ao longo da vida fui enchendo a minha carrocinha de pedras preciosas que encontrava no caminho. Pensava eu, que precisaria poli-las para poder melhor apreciar a beleza nelas contidas.
Com o passar do tempo a carrocinha foi ficando pesada e levá-la se constituía um grande fardo. Então, foi chegada a hora das despedidas. As pedras foram sendo, gradativamente, devolvidas à estrada. Polidas ou não.
Hoje tenho dificuldades em recolher novas pedras. Por mais preciosas que elas se pareçam. Ao encontrá-las no caminho, paro, contemplo-as por um longo tempo, agradeço a beleza gratuitamente oferecida e parto.
A beleza é ser livre. O tempo é o mestre de todos os mestres. Um triplo e fraterno abraço para todas as pedras que encontrei no estrada, mesmo àquelas que se constituíram obstáculos para seguir a caminhada.
Melquisedec, aos trinta e um dias do mês de Janeiro de 2014 da revelação da palavra que salva, cura e liberta.
O caminho que cura, salva e liberta é só o de Cristo e o resto é merda!!
Um abraço Vavá..
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