Sempre tive vontade deliberada de ser jornalista, a começando pelo histórico semanal de A IMPRENSA, na época derradeira, dirigida pelo Arcebispo Dom José Maria Pires e assinava uma coluna com assuntos diversos e agitados. Terminei sendo chamado para o cargo Secretário do saudoso e audacioso veículo, recebendo as bênçãos cristãs. Já advogado, nos idos de 1978 o governador Ivan Bichara Sobreira me convocou para assumir à PRI-4 Rádio Tabajara da Paraíba, no tempo onde o prédio histórico, inaugurado em 1937, na rua Rodrigues de Aquino com palco e auditório, fora derrubado totalmente, para estender o espaço do quarteirão do Poder Judiciário paraibano. A mudança para uma simples casa residencial, situada na rua João Machado, não cabia menos da metade dos móveis e equipamentos técnicos e, estavam em condições precárias, com três meses de salários atrasados e congelados, faltando até papel timbrado para redigir expedientes. Com poucos clientes, a emissora dependiam de complicada e burocrática liberação dos cofres públicos estaduais. Aos poucos, tive que diminuir a folha de pagamento de funcionários e radialistas, consegui no SEBRAE de João Pessoa, imprimir resmas de papel com o emblema oficial do Rádio Tabajara, em simples troca de espaço na rádio.
Sendo a rádio de antigo e marcante slogan que propagava: ‘A emissora oficial do Governo da Paraíba’ deveria impedir ao seu superintendente veiculação de notícias políticas, submetendo ‘peneiradas’, do então Secretário de Comunicação, emérito jornalista e radialista Otinaldo Lourenço de Arruda Melo, sempre telefonando para não escapulir as recomendações nevrálgicas. Liguei para o telefone da Jovem Pan de São Paulo, e fiz imediato convênio, passando a integrar, diariamente, a cadeia matinal de notícias, sem nada pagar, com a musiquinha acordando o povo: ‘Vambora, Vambora, olha a hora!’ Tive a honra, sim, de ter direito a um minuto ao vivo, que pessoalmente, editava e contava o tempo para encachar três notícias, com o vozeirão de Paulo Rosendo. De outra banda, uma grande e animada turma, vestiu a camisa da PRI-4 do setor esportivo, bem capitaneada por Ivan Bezerra, seguida por Geraldo Cavalcanti, Marco Aurélio, Marcondes Brito, Ivan Thomaz, João de Souza, João Camurça, Fernando Heleno, Marciano Soares, e o trepidante Ernani Norat, coletando todos os resultados de jogos do dia. O IBOPE já existia e, me apresentaram pesquisa onde a Rádio Tabajara da Paraíba AM, lhe conferiu os honrados dois terços da audiência de todos concorrentes.
Outra inovação da minha época, foi adquirir nova Kombi Volksvagem, tendo o inquieto motorista Josimar, também atendendo por Careca, trazido como reforço, o qual lavava pneus e esfregava nos capuz e portas com uma flanela sem cor de tantas utilizações. Já os equipamentos pontuais em deslocamentos, pelas ruas, praças e praias, era uma novidade no meio radialista. Levei a ideia aprovada a fim de conduzir para o meio feira livre do centro da capital, para a famosa e laureada, dupla de repentes e cantorias com Otacílio Batista e Oliveira de Panelas. Os feirantes paravam de trabalhar um pouco, se juntando as pessoas que passavam com cestas na cabeça ou ombros e, os carrinhos de mãos artesanais!
A conclusão do trabalho, foi a equipe da Tabajara conseguir comercializar todos os espaços de propaganda, sendo recebido os valores religiosamente em dia, com os clientes satisfeitos pela eficiência da PRI-4. Enquanto o governo estadual, atravessando graves problemas financeiros, teve que atrasar a folha dos funcionários, já a minha Superintendência manteve todos os pagamentos em dia, inclusive com aumento de salários concedidos, tudo em absoluto sigilo, para não ser misturado com o restante dos cofres públicos estaduais. Terminei meu modesto trabalho, com rosto erguido na curta passagem, palmas finais ecoam pela simples abertura cultural radiofônica, daqueles tempos saudosos, que ninguém consegue apagar…
(*) Advogado e desembargador aposentado
O diretor do A IMPRENSA era o Pe. Luís G. de Oliveira.
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