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Blog do Vavá da Luz

NA ACADEMIA (Marcos Pires)

 

Marcos Pires      

Se o atlético leitor nunca frequentou uma academia de ginastica ou acha que isso é coisa de idiota, estávamos juntos. Eu também pensava assim até que duas hérnias de disco mudaram minha vida. Fui a uma academia porque precisava emagrecer 25 quilos e reforçar os músculos da coluna. Entretanto, com 60 anos e apesar de fazer caminhadas diárias, não estava preparado para aquilo.

Duas secretárias belíssimas, usando roupas bem coloridas e coladinhas ao corpo me trataram como se eu tivesse dez anos a menos. Depois que me matriculei fui conhecer as instalações. O primeiro impacto foi a quantidade de gente bonita. Todo mundo alegre, homens cheios de músculos e mulheres que eu só havia visto no cinema.

           O calção folgado destacava meus cambitos, e a camiseta apertada que ganhara quando me matriculei moldou minha barriga. Estava assim meio uma azeitona espetada num palito.

Ali já começou minha briga para conseguir respirar e manter a barriga encolhida ao mesmo tempo. Talvez se eu pudesse respirar também pelos ouvidos… .

Comecei os exercícios por um “aquecimento leve” na esteira: -Cinco minutinhos só, me disse o personal treiner( Ali é tudo em inglês. É “brother” pra lá, “power” pra cá, “sprint”…). Na esteira vizinha estava uma loura que tentaria até o Papa. A bela corria a uma velocidade incrível e sem um pingo de suor. De tanto olhar aquele monumento pisei em falso e quase caí da esteira. Mas não ia fazer feio. Aumentei a velocidade e comecei a correr para impressionar minha nova “coleguinha”. Com a língua de fora, parei e conferi; havia percorrido apenas 200 metros em 5 minutos. Que vergonha.

Vergonha maior, porém, passou um baixinho com sotaque carioca que estava na terceira esteira. Para se “amostrar” falava alto ao celular enquanto andava bem rápido: “-Hem? Não, deposita 200 mil e o resto compra dólar, porque estou indo a Miami amanhã”. E ia nesse embalo, cada vez contabilizando mais riquezas, quando de repente…o celular tocou. O safado foi desmascarado na frente da bela loura que não suava. Ora, mentir é bem pior do que cansar como eu cansei. Então eu ainda poderia ter uma chance com a loura.

Esquecido completamente de que era muito bem casado, parti para o primeiro exercício, levantamento de peso, sempre seguindo o rastro daquela pantera loura. E foi aí que a porca torceu o rabo.

(Continuarei na próxima semana).

1 comentário em “NA ACADEMIA (Marcos Pires)”

  1. Acho que a melhor coisa é assumir os anos e o corpinho. Pode até tentar, mais vai ser: duas tentativas e duas desistência. Fazer o quê? É assim que funciona.

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