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Blog do Vavá da Luz

NA ACADEMIA II ( Marcos Pires )

marcosmarcos

Contava aqui da minha incursão numa academia de ginastica para emagrecer 25 quilos e reforçar a musculatura por conta de duas hérnias de disco. Parei no ponto em que uma deusa loura (que apesar dos pesadíssimos exercícios não suava) saíra da esteira e fora para o levantamento de pesos, comigo em seu rastro, absolutamente esquecido de que era muito bem casado.

       Pois bem, a loura deitou-se numa prancha e começou a levantar uma maromba com três anéis (cada um com dez quilos de peso) em cada lado. Meu enxerimento me fez deitar na prancha ao lado e usar a mesma quantidade de pesos. É claro que nem consegui dar a partida, e o personal trainer veio me ajudar. Foi retirando um a um daqueles anéis para chegar ao meu limite. E eu, de olhos fechados para me concentrar no esforço, ia orientando: “- Um pouco menos, menos ainda…”, até que num determinado momento achei o meu ponto de equilíbrio. Reabri os olhos e vi que estava segurando somente a barra, sem qualquer peso pendurado dos lados. Ainda bem que a louraça já havia saído e não viu mais essa minha vergonha. Ela estava numa aula de um tal spinner, um círculo formado por dez bicicletas que não saem do lugar. Corri para a única bicicleta desocupada a tempo de começar a aula com aquela verdadeira constelação. Só mulheres belíssimas, e por incrível que pareça, todas elas louras e de óculos escuros. Será que as mulheres hoje em dia já nascem assim, louras e de óculos escuros, pensei?

          Mal sentei na bicicleta o personal já começou a berrar num microfone que ficava pendurado ao lado da sua boca: “- Ei tchurma, vamos saudar o suor. Tem alguém aí?” E aquela mulherada toda gritava e ele de novo berrava “- Iuhuuuu”, e todas se esguelavam num iuhuuu de resposta, enquanto pedalavam furiosamente. De início eu comecei a murmurar aqueles ihuuuu, mas depois passei a gritar, e de repente o professor deu um grito que significava parar a atividade, por isso ninguém respondeu, à exceção de quem? Eu, obviamente. Aquele “- Iuhuuu” solitário, que fez a mulherada cair na gargalhada gozando com o idiota que vos escreve.

            Morto de cansado, com tantas dores pelo corpo que até minha fotografia na carteira de identidade deveria estar gemendo, pedi arrego à loura que não suava: “- Me desculpe, mas você poderia me indicar uma máquina dessas da academia que eu possa usar sem sofrer tanto e fazer bonito para alguma das suas amigas?”. Gentilmente ela me conduziu pelo corredor. Atravessamos os vestiários e lá no fim me apontou…um caixa eletrônico: “- Pode sacar à vontade vovô, com certeza alguma das moças vai se interessar por você”.

               Foi naquela hora que eu lembrei com carinho da minha rainha do lar.

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