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Blog do Vavá da Luz

MEUS SETENTA E CINCO ANOS (Marcos Bacalháo)

 

     marcos baclhao

 

Realmente. As pessoas  que alcançam à terceira idade são alvos de chacotas e críticas por parte dos jovens. Dizem estes, que os idosos só  servem para estorvar, esquecendo-se de que poderão também chegar à velhice, muito embora muitos desaparecem aos seus  14, 15, 17 anos. E o pior ainda é que esses jovens ignoram também que se não fossem os velhos, simplesmente eles inexistiriam.

Feliz da pessoa que passa pela infância bem cuidada, pela adolescência em boas companhias, bem amparada e obediente às normas sociais porque, assim, chega à velhice convencida de que, de modo condigno, cumpriu os preceitos que regem  a vida.

O jovem de hoje, pelas determinações biológicas do Planeta, será o velho de amanhã; e o ancião de agora, pela lei sublime da reencarnação, será o moço do futuro. Lembrando-nos, porém, de que a VIDA é imortal, de que o Espiritismo é escola ascendente de progresso e sublimação, de que o Evangelho é luz eterna, em trono da qual nos cabe dever de estruturar as nossas asas de Sabedoria e de Amor e, num abraço compreensivo de verdadeira fraternidade, segundo o grande Allan Kardec.

Ao mesmo tempo, creio que há alguma coisa de trágico na vela que queima sobre os bolos, para iluminar, tendo ela  que morrer um pouco. Por isso ela chora e suas lágrimas escorrem sobre o seu corpo sob forma de estrias de cera.

Uma vela que se apaga é uma vela que morre. Algumas se  consomem todas, morrem de pé, têm  de morrer porque a cera já se chorou toda. Outras antes da hora. Elas não queimam, morrem, mas veio o vento e a chama se foi.

As velinhas acesas fincadas no bolo não querem morrer. Elas vão ser assassinadas por um sopro. O sopro que apaga as velas é o sopro que apaga a vida… Por isso não  entendo os risos, as palmas e a alegria que se segue ao sopro que apaga as velas. Uma vela que se apaga  é um Sol que se põe. E todo pôr-do-sol é triste… Uma vela que se apaga anuncia um crepúsculo.

Por isso , prefiro um ritual diferente, ritual que é uma inovação. Eu acendo uma vela pedindo aos deuses que me deem muitos anos de vida, esses anos que se seguirão, que são o único tempo que  realmente possuo…

Afinal, acho que a vida humana não se mede nem por batidas cardíacas nem por ondas celebrais. Somos humanos, permanecemos humanos enquanto estiver acesa em nós a esperança da alegria. Desfeita a esperança da alegria, a vida se apaga e a vida perde o sentido.

 

 

 

 

                                                                       Ingá, 19 de dezembro de 2016

1 comentário em “MEUS SETENTA E CINCO ANOS (Marcos Bacalháo)”

  1. Conforme diz o Leonardo da Vinci. “O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã”.

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