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      Francisco profetizou também Francisco II (Damião Ramos Cavalcanti)

 

           

 

           Desde os 9 anos, comecei a perceber que existia Papa. Ignorando papas mortos, na escola, onde  também não existia mais de um papa, e que o conjunto dos papas era de um só elemento, quase um conjunto vazio.  Ainda em Itabaiana, na Cruzada Infantil, usava-se uma faixa cruzando o peito com as cores do Vaticano, e o Padre João Gomes dizia que éramos escoteiros do Papa Pio XII. Ainda escuto na internet, o belo Hino da Cruzada Infantil. Era Pio XII destacável intelectual, que falava longos pronunciamentos, sem papel, em vários idiomas; o Papa que idealizou a Ação Católica para a juventude: JAC (agrária); JEC (estudantil, da qual participamos eu e Carlos Aranha); JIC  (independente); JOC (operária) e JUC (juventude universitária).
         Em 1958, morreu Pio XII. Já estava no Seminário Arquidiocesano, onde se apregoava que a escolha do novo Papa seria inspirada, dentre os cardeais, no Conclave,  guiados pelo Espírito Santo. O então reitor Luís Gonzaga Fernandes, depois bispo de Campina Grande, o enaltecia como um homem admiravelmente  culto. Era assim o cardeal Eugenio Pacelli, proveniente de Milão. E que tinha enfrentado como pôde o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler, como consta em Citá Aperta, do cineasta e diretor Roberto RosselliniIniciei a profissão de professor e educador, repetindo essa história no Colégio Arquidiocesano Pio XII, dirigido por mim e pelo padre Marcos Trindade.
         Parece ter sido assim a escolha do simples Giuseppe Roncalli, patriarca de Veneza, que se chamou João XXIII, apelidado como “il Papa buono”. Abriu as janelas da Igreja para entrar todas as fés religiosas, e em diálogo com o mundo, historicamente convocando o Concílio Vaticano II, para atualizar a Igreja e lhe promover, como ele próprio dizia: uno aggiornamento. Parecido com Francisco, encorajou-se pela santa ousadia da mudança. Morreram o Papa João XXIII e a alegria das suas palavras. Ontem, comemorei mais uma primavera, mas não tão idoso, venho acompanhando sete mortes e sucessões papais.

           Eleito o substituto de João XXIII, Cardeal Montini, semelhante a Pio XII, também da região de Milão, que se denominou  Paulo VI, lembrando o apóstolo Paulo: evangelizar todas as gentes e dar continuidade ao espírito do Concílio Ecumênico. Vi Paulo VI, quase mensalmente, quando estudei Filosofia (1966 – 1970), em Roma. Após Paulo VI (1963 – 1978), como sinal de esperança e simplicidade, elegeram o cardeal Albino Luciani, o Papa Sorriso, que só viveu 33 dias como papa (1978). Rompeu-se a continuação dos italianos, com a escolha do polonês Karol Józef Wojtyla, o Papa João Paulo II. Carismático comunicador, viajante e de posições moderadas. Padre Marcos Trindade, Luiz Andrade e eu fomos vê-lo e ouvi-lo em Natal, no Rio Grande do Norte. Morreu em abril de 2005, sucedendo-lhe  o alemão Joseph Ratzinger, renomado teólogo e exímio conhecedor da doutrina da Igreja, em que se fundamentou para renunciar como Bento XVI e, vivo, seguir a eleição do Cardeal Jorge Mario Bergoglio, vindo da convivência com os pobres de Buenos Aires.
          O jesuíta Papa Francisco vivia o exemplo de Francisco de Assis. Firme nas suas ideias, contudo dialogando com as diferenças, sobretudo estimando-as como “membros do Corpo Místico de Cristo”. Renovou a Cúria, nomeando bispos ao cardinalício de longínquas terras em respeito à  diversidade e ao relativismo cultural. Fez história, tornou-se um Papa amado e  transformador. Há cardeais parecidos com esse argentino, como os italianos Matteo Zuppi, de Bologna, e Pierbattista  Pizzabala, Patriarca Latino de Jerusalém. O Espírito Santo haverá de prover à Igreja um Papa Francisco II.

 

Damião Ramos Cavalcanti

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