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Blog do Vavá da Luz

    De borralheira a princesa      ( Marcos Pires )

Quando criança, era comum ouvir chamarem as empregadas domesticas de peniqueiras. Talvez porque limpavam penicos, o que já dá uma ideia da época, onde banheiros eram escassos e o uso daquele utensilio muito comum. Naquele tempo as domesticas incorporavam-se às famílias, variando entre um membro da casa a um móvel. Isso foi se modificando quando a Justiça do Trabalho começou a avançar e os direitos das domesticas passaram a ser reconhecidos.

              O tratamento também. A antiga peniqueira virou doméstica, evoluindo para secretária do lar e até assessora, segundo os politicamente corretos. Mas uma coisa é falar desses direitos das domésticas, outra muito diferente é o reconhecimento dos tais direitos pelos patrões. Ah, laborais leitores, o que os patrões tem chiado… .

        Mãe Leca é um exemplo. Me perguntou como se explica o fato da franquia do seu plano de telefonia acabar sempre no meio do mês, mesmo ela usando-o com moderação, enquanto sua elogiada e invejada secretária passa os dias inteiros a bordo do celular com fones de ouvido, fazendo suas atividades, e o danado do plano nunca acaba. E eu pergunto, o que isso tem a ver com os direitos das domésticas?

         Dona Ana, pessoa de mente arejada, disse que não pode desgostar a sua assessora porque é de confiança e eficiente, mas dada a opinar nos programas de televisão que assistem. Muito embora Aninha pretenda assistir filmes de Fellini e series da Netflix, é obrigada a ver todos os dias os sangrentos jornais locais e embalar seus fins de semana com Silvio Santos.

         É interessante acompanhar o paladar das domesticas, que cozinham o que elas gostam e no tempero que preferem. Dona Conceição tinha no freezer uma peça caríssima do raro bife de Kobe, que seu marido Luiz trouxera do Japão, pelo qual pagara 1.500 dólares o quilo. No dia seguinte o almoço feito pela domestica foi o mais caro picadinho que já se serviu aqui na Paraíba.

            Se bem que muitos dos conflitos se devem à forma como os patrões tratam e principalmente contratam suas assessoras domésticas. Me digam mesmo, justos leitores, se vocês contratariam Maria Dutra como babá. Ao ver seu tamanho pequeno, quase anã, Vanessa disse que não a contrataria. E ela, colocando os braços em posição de açucareiro: “- Ôxe, ser baixinha é até uma vantagem, porque nos meus outros empregos quando eu deixava um bebê cair ele se machucava pouco!”.

 

Att,

Pires Bezerra Advocacia

1 comentário em “    De borralheira a princesa      ( Marcos Pires )”

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