Sobretudo aos pessimistas, a humanidade anda decadente; houve tempos de perfeição, mas marcha na imperfeição, acredito, porém, na perspectiva de Teilhard de Chardin, que ela evolua, e não nos leve à desolação. Ovídio herdou dos antigos gregos a fábula das idades da humanidade: a idade de ouro; a idade de prata; a idade de bronze e, a pior, a idade de ferro. Na idade de ouro, a melhor, predominavam a justiça e a inocência, quando Saturno não negava nada à humanidade, era uma eterna Primavera. Mas, quando Saturno foi expulso ao Inferno, Júpiter o substituiu, foi quando se deu início ao tempo da idade de prata, que foi menos excelente do que o primeiro ciclo: o trigo começou a se guardar em silos, não havia abundantemente como antes nos campos, e os bois, no jugo do trabalho, gemiam reclamando da fome…
Veio a idade de bronze; os homens se inclinaram às armas; necessitou-se da licença ou das permissões; apareceram a avareza e a perfídia, e também a injustiça. E com isso, as leis da propriedade, e a humanidade começou a sair da sua terra natal ou do seu campo para se aglomerar nas grandes cidades, espalhando-se pela terra. Por último, a idade de ferro, mais dura e mais horrível, que se caracterizou pela maldade humana, não existindo mais nem pudor, nem a fé no sagrado, mas o crescimento da fraude, da traição, e da violência, que se instalou de todas as maneiras. Foi quando o homem, em vez de colher frutos da natureza, só se preocupou em arrancar ouro e pedras preciosas, segundo a literatura, sementes do mal.
Essas quatro idades parecem não ser uma invenção primitiva, mas que significam o declínio progressivo ou as boas mudanças da humanidade… Isso se verifica ou se encontra em alguns sentidos da história humana, até os dias atuais. Embora o lastro dessas interpretações se fundamente em raízes mitológicas, algumas filosofias recorrem a esses mitos e a religiões e se situam nessas interpretações das experiências humanas, como couraça da história até seus momentos de declínio. Nesse caminho, descobre-se em Rousseau a exaltação da vida primitiva da humanidade, na Natureza, e por isso, o homem comportava-se como virtuoso, que encontrava suas refeições debaixo das árvores, como também, leito para o seu sono; paz e saúde para seu corpo; ainda liberdade e felicidade, que se aliavam à igualdade, colunas da Revolução Francesa. Enfim, o homem civilizado seria escravo do trabalho e dos seus vícios.
Deixando de lado a visão pessimista, estimo o desejo dos otimistas para que a idade do ouro esteja conosco, esperançosos a um mundo de progresso, de inteligência tecnológica, mas sobretudo humana. É essa a mensagem do Papa Leão XIV, na sua recente encíclica Dilexi Te.
A Bíblia explica a história, na voz do profeta Daniel: “´É Deus que faz alternar períodos e tempos, que faz cair os reis e entroniza os reis, que dá aos sábios a sabedoria e a ciência aos que sabem discernir”.
Admiro os amadores dos bons destinos da humanidade ou até mesmo das suas utopias, como os magistrais Thomas Morus e Tommaso Campanella que forjam, nem que pareça utópica, a humanidade ideal. Nesse sentido, recorro a Pierre Teilhard de Chardin, na sua obra O Fenômeno Humano, onde a humanidade evoluída se afasta do individualismo para caminhar a uma consciência coletiva. E então será uma permanente idade de ouro…
DESTAQUE: Essas quatro idades parecem não ser uma invenção primitiva, mas que significam o declínio progressivo ou as boas mudanças da humanidade…
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