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Cadastur Rural: quando o Brasil decide reconhecer quem sempre sustentou sua mesa ( por Alessandra Lontra )

O novo Cadastur Rural, lançado pelo Ministério do Turismo, é mais do que uma formalização. É um gesto histórico que tira o agricultor familiar da condição de coadjuvante e o coloca como protagonista de um Brasil que começa a entender que turismo não é só praia, hotel e avião. Turismo também é roça, farinha no forno de barro, histórias contadas à sombra do cajueiro e sabores que não se encontram em supermercados.

Durante décadas, o agricultor familiar foi tratado como um invisível no sistema turístico. Vendia sua produção nas feiras, abria a porta de casa para receber visitantes curiosos, mas sempre à margem das políticas oficiais. Agora, com a possibilidade de se cadastrar sem perder os direitos da agricultura, esse trabalhador passa a ser reconhecido como aquilo que sempre foi: guardião da cultura e da experiência autêntica que diferencia o Brasil no mundo.

Não se trata apenas de liberar acesso a crédito ou oferecer um certificado digital. O que está em jogo é a chance de transformar o campo em espaço de inovação social, onde tradição e modernidade caminham juntas. A mandioca que vira farinha, o café coado no coador de pano, a rede armada no alpendre: cada detalhe é memória viva e, agora, pode ser também fonte de renda com dignidade.

O Cadastur Rural abre portas, mas também lança um desafio: como garantir que esse reconhecimento não se perca em relatórios e números de Brasília? Será preciso escuta real, políticas consistentes e vontade de ver o agricultor não apenas como estatística, mas como sujeito de futuro.

Se o Brasil souber usar essa oportunidade, poderá mostrar ao mundo que sua maior riqueza não está nas metrópoles, mas na sabedoria de quem vive do chão. Porque turismo sem agricultura é paisagem sem sabor, e país que não valoriza quem o alimenta corre o risco de morrer de fome cultural.

Alessandra Lontra é jornalista multimídia especializada em Turismo, mercadóloga e turismóloga provisionada pela ABBTUR. Com mais de 40 anos de atuação estratégica, é referência nacional em inovação no setor, com forte atuação em governança, roteirização, comunicação digital e inteligência artificial aplicada ao turismo. Lidera o portal Ale Lontra – Notícias em Movimento para um Turismo Além do Óbvio. www.alelontra.com.br.

1 comentário em “Cadastur Rural: quando o Brasil decide reconhecer quem sempre sustentou sua mesa ( por Alessandra Lontra )”

  1. Alessandra Lontra faz um lindo quadro: o agricultor finalmente sendo visto não como um invisível no sistema turístico, mas como o guardião da cultura! Que alívio! Agora, só não percam no caminho de transformar a roça em um space de inovação social. A mandioca que vira farinha pode sim gerar renda, mas cuidado com o certificado digital: não pode ser o tipo que só serve para colocar na porta do supermercado rural. Que a escuta real seja tão boa quanto o café coado no coador de pano! E se o Brasil realmente valorizar quem vive do chão, talvez os números de Brasília finalmente mostrem que a maior riqueza não está na metrópole, mas sim na capacidade de não deixar o agricultor apenas como estatística. Ah, e se o turismo sem agricultura for como um prato sem farinha… que sonhado!basketball stars

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