Também era maio, e logo numa manifestação, no dia 1º do mês, quando se comemora o Dia do Trabalho, circunstância inspiradora para Máximo Górki escrever sua famosa obra A Mãe, livro que pode ser presente e leitura no próximo domingo, Dia da Mãe, e que propiciará refletir o que a mãe significa, sobretudo atualmente, quando as mulheres menos se entusiasmam, com medo, de serem mães, preferindo a sensação de liberdade de viverem sozinhas sem outras preocupações. Ora, o desejo de ser mãe se depreende do desejo corajoso de se doar, da renúncia de si mesmo. Pensando até consagrar o tempo só para si, ou à vaidade de evitar as mudanças corporais, gravidez, dores de parto e, sobretudo, o dever de uma longa e intensa dedicação à alimentação, crescimento, e aos vigilantes cuidados à saúde e à educação do filho ou da filha, que mesmo crescidos, não deixam de dar preocupações aos pais, especialmente à mãe. A flecha, na analogia de Khalil Gibran, em O Profeta, não é abandonada aos ventos pelo arco, que acompanha os instantes do destino do filho, na extensão da família, no apoio às noras e aos genros, e amor todo especial aos netos e netas. A mãe descreve a sua descendência pela fisionomia e pelo cheiro.
A mãe Pelaguéa Nilovna encarna valores, que se encontram na história da humanidade. Vive, corajosamente, os sofrimentos sociais e políticos do filho, no período da pré-revolução russa, durante as repressões e os injustos julgamentos czaristas, sobretudo assumindo, com coragem de leoa, de corpo e alma, os problemas do filho Pável, consequentes da organização do movimento operário, do qual ele era parte. Após a morte do pai, isso se intensificou, Pável se liga mais à mãe e a envolve com a luta dos trabalhadores, trazendo para dentro de casa preocupações e perseguições, que encontram na mãe compreensão e apoio. Leia-se o livro para homenagear a mãe, no seu dia, e compreender que “mãe é mãe”, sobretudo nas dificuldades dos filhos.
Lembrei-me dos tempos de menino, em Itabaiana, quando por agressiva diversão, estimulavam-se intrigas e arruaças, formando-se uma pequena plateia, em torno de um como se fosse um ringue, do qual, depois de socos e pontapés, sairia um vencedor. O estopim da briga tinha fogo no jargão: “Ele esculhambou a tua mãe”… Vejam-se nisso o respeito e os desrespeito à mãe. Também a supervalorização da mãe, da parte de quem insultava e da de quem era insultado… E por causa do desrespeito e do respeito à mãe, gerava-se a violenta luta, porque para ambos a valorização da mãe era sagrada. O sofrimento da mãe era maior se dessa peleja saíssem dores e ferimentos, e às vezes até desentendimentos mais sérios entre os pais das vítimas.
O valor da mãe principia na Filosofia de que não existe mãe sem filho e, nem tampouco, filho sem mãe. Essa existencial interligação se impõe pelo resto da vida. Imaginem-se os horrores da violência, quando, em enlouquecida perversidade, a mãe mata o filho, ou o filho, a mãe. Isso se configura como o mal maior da humanidade. Já seria mal social e gritante os filhos que não têm mãe, sem serem órfãos…
Agradeço sua prestigiosa leitura, que não deixa de ser sua atenção de filho ou de filha nesse Dia das Mães.