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“APITO DE OURO” (Rui Leitão)

 

Existem pessoas que não nasceram para viver no anonimato. Nem procuram ganhar notoriedade, destacam-se naturalmente por suas qualidades singulares, por serem diferentes, por se destacarem no que fazem. A característica maior é o amor com que abraçam o exercício de seus atributos.
Um bom exemplo desse fenômeno era o inspetor de trânsito Antônio Augusto da Silva, que viria a ser conhecido como “Apito de Ouro”, a partir de 1973 quando foi homenageado pelo delegado Marcilio Pio Chaves, ao receber, como símbolo do reconhecimento do extraordinário serviço prestado no controle do tráfego da cidade, um apito banhado a ouro.

Ex-pedreiro, desejou ser guarda rodoviário, sonho impossibilitado de realização em razão da sua pouca formação escolar. Ao chegar à Capital conseguiu se incorporar à Polícia Militar e, por definição do destino, foi convidado a exercer as funções de oficial de trânsito. Assumiu seu novo ofício com entusiasmo e extrema dedicação.

Nos seus trinta anos trabalhando nas ruas com a missão de organizar o trânsito, nunca aplicou uma multa sequer. Dizia que, antes de tudo, seu papel era de educador, orientar sem necessariamente punir. Impressionava a habilidade com que utilizava o apito e os braços para indicar aos transeuntes e motoristas como deveriam se conduzir no tráfego.

“Apito de Ouro” foi um ícone na educação do trânsito em João Pessoa, nas décadas de sessenta e setenta. Ganhou o respeito e a admiração, não só pela competência, mas também pela simpatia. Sabia, como ninguém, fazer uso da fama sem se deixar influenciar pelo orgulho ou vaidade. Recebia os elogios com humildade, mesmo quando a homenagem vinha do seu chefe maior, o governador João Agripino, que fez questão de manifestar publicamente o reconhecimento da eficiência do seu trabalho em favor da população.

Sua atuação nas ruas era um espetáculo à parte, um show. Merecia ser mais lembrado para que servisse de exemplo aos que na atualidade têm a delicada incumbência de dar organização ao tráfego de nossa cidade. No ano de 2015, o policial foi condecorado pelo Comando da PM com a “Láurea Padre Galdino da Costa Vilar”. O Batalhão de Policiamento do Trânsito Urbano e Rodoviário da Paraíba inaugurou um auditório que leva o seu nome. A patente de cabo foi conquistada por ocasião de sua aposentadoria.

Faleceu no dia 28 de abril de 2019, aos 76 anos de idade, por falência múltipla dos órgãos, no Hospital de Traumatologia e Ortopedia da Paraíba (HTOP), em João Pessoa, quando recebeu as últimas homenagens prestadas pela Polícia Militara da Paraíba, familiares e amigos.

Rui Leitão

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