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Blog do Vavá da Luz

“A Máscara” (Dunga Júnior)

“A Máscara”

Cursando Mestrado em 2010, na Argentina, foram suspensas as aulas por causa da gripe suína (H1N1), que se alastrava em toda a região, inclusive no Brasil, e, no semestre próximo, ainda pelas ruas de La Plata, observei algumas pessoas usando máscara naquele período.
Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia, e o uso da máscara foi indicado mundialmente como recurso para sua não ploriferação, e até para não contrair o vírus, passando a ser obrigatório no meu país, com uso para todos e por todos, como forma de se resguardar da contaminação.
Muita discussão em torno do uso, muita tese de rua e ideologias políticas, deixavam em xeque a utilização ou não, e, nesse meio, morreram mais de 600 mil pessoas no Brasil e milhões no mundo, até o aparecimento da vacina.
Abril de 2022 – marco que faço agora, em que, desobrigado da utilização da máscara, passamos a viver em simbiose a retomada, e a festejar a libertação da peça que salvou, protegeu, livrou, causou, aconteceu, marcou e modelou uma época.
A máscara e suas cores, sua forma em média 25 x 15 cm, teve marca e patente, de várias estações, estilos e tendências, cujo objetivo era salvar vidas, ficando a lição nos comportamentos dos usuários, num mundo líquido, em descoberta, a qual, se usada, era motivo de respeito consigo e com o outro.
“A lei básica do universo não é a competição que divide e exclui, mas a cooperação que soma e inclui” (Boff), seria a descrição para a edificação de uma mentalidade humana cada vez mais solidária.
Quantas pessoas monitoradas pelas leis em obediência ao óbvio, a humildade em se preocupar com o outro não era visível aos que abominavam o uso, confirmando o que diz (gerenciando a si mesmo) “que a humildade não é definida pela conduta ou pela atitude autodepreciativa, mas pela estima reservada ao outro”.
Passado o período mais tortuoso disso tudo, chegada a flexibilização da máscara que salvou vidas, restaram os rostos limpos para o riso novo, que refletem luz e sabedoria para o enfrentamento do que está por vir, com muito aprendizado, reflexão e ressignificação, a todo o processo passado.
E restam, em muitos, outras máscaras, aquelas da perversão da alma, que nem se enxerga ou se nota; a máscara da ganância, do ódio, da hipocrisia; a máscara sem cor, sem brilho, sem carnaval; a máscara do mascarado, da vida fria e gélida, do passo descompassado do tempo; a máscara do bloco na solidão, sem o amor.
Gratidão, máscara da vida, pois caminharei e contarei aos tempos sobre seus dias e suas marcas – Hunter: ”Uso de máscara, convicção de que “está tudo bem”.
Nem precisou a arca de Noé – pois foi preservada a sabedoria dos animais irracionais – a máscara era para os animais racionais, que realmente pensavam como seres humanos.

Dunga Jr

2 comentários em ““A Máscara” (Dunga Júnior)”

  1. Grandes reflexões e aprendizados estes textos nos trazem. Orgulho de puder conhecer e ter como amigo uma pessoa como Dungs Junior.

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