Em mais de 50 anos, o Salão do Automóvel coleciona histórias fora do comum. Veja quais foram as situações mais bizarras que já aconteceram

Desde 1960, o Salão do Automóvel tem muita história para contar, desde a estreia de carros que tornaram-se clássicos até a chegada de marcas como a Fiat, em 1976. Passou pela ditadura militar, momentos de crise da economia brasileira, a abertura do país para os produtos importados em 1992 e muito mais. Porém, alguns momentos sempre ficam na memória por serem bem incomuns, pela forma absurda como aconteceram. Veja os acontecimentos mais estranhos dos últimos tempos no evento:

A Polícia Federal apreendeu seis Lamborghinis expostas no Salão de 2006 e ainda saiu dirigindo os supercarros, para a alegria dos visitantes.
Reprodução/Carpress

A Polícia Federal apreendeu seis Lamborghinis expostas no Salão de 2006 e ainda saiu dirigindo os supercarros, para a alegria dos visitantes.

Quem visita o Salão do Automóvel gostaria muito de ver os supercarros em movimento. Alguns tiveram a sorte de assistir seis carros da Lamborghini serem ligados e dirigidos para fora do evento, em 2006. A Polícia Federal fez uma apreensão no estande da Auto Europa, com a justificativa de que foram importados de forma irregular e os felizes policiais saíram do evento dirigindo as máquinas de R$ 1 milhão até a sede da PF.

A história é que os carros da Lamborghini foram trazidos pela empresa Tag Importação e Exportação na modalidade “admissão temporária”, usada quando veículos entram no Brasil para participar de uma competição ou para exposições. No entanto, a PF afirmava que os carros seriam repassados para a Auto Europa, loja de importados que iria vender os esportivos logo depois do evento. Dois anos depois, a mesma empresa foi um dos alvos da Operação Titanic.

Poucos dias depois, uma desembargadora concedeu uma liminar que permitiu que os supercarros voltassem para o evento no último dia. Foi ruim para a organização, mas fez a alegria de quem conseguiu assistir os esportivos entrando e saindo do Anhembi. Ainda dá para encontrar um vídeo da apreensão no YouTube, procurando pelas palavras-chave: “Polícia Federal Salão”.

A queda da Volkswagen

O Salão do Automóvel de 1996 ficou marcado por duas quedas e, ironicamente, as duas envolvem a Volkswagen. Foi nesse ano que a Autolatina, empresa criada em parceria com a Ford, chegou ao fim. Quase que simbolizando esse acontecimento, o estande da marca alemã desabou 40 minutos depois de abrirem as portas do Salão. Foi uma queda feia de quase três metros. A estrutura estava lotada de jornalistas, que se preparavam para a coletiva que estava para começar (alguns dizem que havia 60 pessoas, outras falam em 12). Pelo menos 30 pessoas ficaram feriadas, incluindo quatro diretores da marca.

Cadê o R8?

No Salão do Automóvel de 2012, o jogador Neymar fez uma participação no estande da Volkswagen, para apresentar o Gol duas portas reestilizado. Terminou seu trabalho e logo viu um Audi R8 Spyder. Claro que ficou animado e pediu para dar uma volta. Só que foi uma volta bem longa, já que ele voltou para Santos dirigindo o esportivo conversível que seria usado no test-drive do público. Ficou com ele até o dia seguinte, quando trouxeram o R8 de volta, um dia antes de abrirem o evento.

Salão dos importados

Em 1986, tivemos um Salão do Automóvel muito incomum. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos) tomou a polêmica decisão de não participar do evento, o que deixou a indústria brasileira totalmente de fora. A associação dizia que era por causa da crise econômica, mas rumores apontavam para um desentendimento com a organização do Salão, que levou a uma retaliação.

Isso foi ruim? De forma alguma. As fabricantes de peças aproveitaram para conqusitar os 200 compradores estrangeiros e faturar cerca de US$ 24 milhões em negócios firmados durante o evento. Para o público, foi um Salão inesquecível. O organizador Caio de Alcantara Machado pagou US$ 1,25 milhão para importar 59 veículos, como BMW 735, Ferrari 348 e Porsche 911, em uma época que ver pessoalmente carros como esses beirava o impossível.

Nissan vs Trabalhadores

Cerca de 80 funcionários da Nissan, tanto do Brasil quanto dos EUA, cercaram o estande da marca em 2014, para apoiar a sindicalização dos trabalhadores norte-americanos.
Divulgação

Cerca de 80 funcionários da Nissan, tanto do Brasil quanto dos EUA, cercaram o estande da marca em 2014, para apoiar a sindicalização dos trabalhadores norte-americanos.

A edição passada do Salão do Automóvel foi marcada por protestos. Na cerimônia de abertura, um ativista do Greenpeace invadiu o palco e ficou lá por três minutos com uma faixa que dizia “Chega de enrolação, carros eficientes já”, com os logos da Chevrolet, Fiat e Volkswagen. Escolheu um bom momento, já que no palco estavam o governador do estado, Geraldo Alckmin, e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

No dia seguinte, quem foi alvo de protestos foi a Nissan. Um grupo de 80 funcionários e sindicalistas, alguns vindos dos Estados Unidos, entraram no evento como se fossem visitantes. Pouco depois, revelaram as camisas amarelas com os dizeres “A Nissan não respeita os direitos dos trabalhadores” e cercaram o estande da marca. O mais interessante é que o protesto não tinha nada a ver com o Brasil. Foi uma forma de apoiar os norte-americanos, que estariam sendo intimidados pela empresa para não se sindicalizarem.

A Ferrari F40 (quase) presidencial

Um dos maiores mitos relacionados ao Salão do Automóvel envolve uma Ferrari F40. Uma unidade da última Ferrari projetada pelo próprio Enzo foi importada pela Fiat para expor no Salão de 1990. Foi naquele ano que Fernando Collor assumiu a presidência e, com a ajuda da marca italiana, diminuiu o imposto sobre os carros 1.0, dando início à era dos “carros populares”. Como forma de agradecimento, a Fiat convidou o político a dar uma volta com a F40 em Brasília, o que criou o boato de que, depois de aparecer no evento, o esportivo teria ficado com Collor.

A verdade é que a Ferrari F40 ficou guardada na fábrica em Betim (MG) por alguns anos, até aparecer em uma loja de luxo em São Paulo em 1997. Havia sido comprada direto da Fiat e estava na loja apenas para exposição. Atualmente, está na garagem de um colecionador.

Maluf quer um Porsche

Apaixonado por carros, o político Paulo Maluf protagonizou uma cena bem peculiar no Salão do Automóvel de 2014. A Porsche exibia o híbrido 918 Spyder, um dos carros mais rápidos já feitos pela marca e que tinha preço estimado entre R$ 3,5 milhões a R$ 4 milhões. Maluf rapidamente se apaixonou pelo veículo e grudou em Luiz Alberto Pandini, na época assessor de imprensa da marca no Brasil, e nos engenheiros da Porsche para tirar dúvidas.

Até aí, nada de errado. Só que ele perguntou para um engenheiros se poderia equipar um kit americano chamado “Alpha 9” que, segundo ele, “poderia aumentar o turbo até 700, 800 e 900 a potência” (isso em um carro de 887 cv). Também tentou pechinchar o preço do esportivo híbrido. Não deu certo pois, ao contrário da lenda de que Maluf teria conseguido comprar o carro, as três unidades trazidas ao Brasil já haviam sido vendidas para outros empresários.

Fiat 500C suicida

A estrutura giratória não aguentou e o Fiat 500 Cabrio caiu de bunda no chão. Como estava isolado, ninguém se feriu.
Reprodução/Destaque Carros

A estrutura giratória não aguentou e o Fiat 500 Cabrio caiu de bunda no chão. Como estava isolado, ninguém se feriu.

A situação mais recente do Salão do Automóvel foi a queda do Fiat 500 Cabrio na edição de 2014. O pequeno conversível estava exposto em uma instalação giratória. A estrutura metálica não aguentou e se rompeu logo no primeiro dia de imprensa, durante a coletiva da Toyota (que ficava bem próxima do estande da Fiat). Como estava dentro de uma proteção de vidro, evitando que qualquer um chegasse perto, ninguém se feriu. A Fiat teve que cobrir tudo com um pano preto para esconder o mico.