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Bolsa Família teria pago R$ 3 bilhões a 870 mil beneficiários suspeitos, diz MPF, só na Paraiba são 43 mil

Roraima foi apontado como o Estado com maior número de suspeitos; dados do MPF apontam possível desvio de R$ 25 bilhões a beneficiários falecidos

Segundo o MPF, prefeituras do País foram notificadas para realizar visitas domiciliares aos suspeitos nos próximos dias
Alina Souza/Especial Palácio Piratini – 17.09.2014

Segundo o MPF, prefeituras do País foram notificadas para realizar visitas domiciliares aos suspeitos nos próximos dias

Dados divulgados pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta sexta-feira (11) apontam que o governo federal pode ter pago R$ 3,3 bilhões a 870 mil beneficiários suspeitos de não cumprir os requisitos econômicos do programa. 

Segundo o MPF, 4.703 prefeituras do País foram notificadas e devem realizar visitas domiciliares aos suspeitos de desvio do Bolsa Família nos próximos dias. 

LEIA MAIS: Governo suspende 1,1 milhão de benefícios do Bolsa Família por irregularidades

Para chegar ao resultado, o órgão analisou todos os valores pagos pelo Bolsa Família de 2013 a maio de 2016. Os casos suspeitos foram identificados por meio do cruzamento de dados do MPF com os do governo federal, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela Receita Federal e pelos Tribunais de Contas Estaduais e Municipais. 

Perfil dos denunciados

O diagnóstico apontou que os valores pagos foram direcionados a cinco grupos, sendo R$2,3 bilhões destinados a empresários; R$1,23 bilhões, a servidores públicos com clã familiar de até quatro pessoas; 25,97 bilhões, a beneficiários falecidos; R$11,89 bilhões a doadores de campanhas que investiram recursos superiores ao benefício recebido e 11,48 milhões a servidores públicos doadores da campanha, independente do valor.

Casos suspeitos foram identificados por meio do cruzamento de dados do MPF com os do Governo Federal e do TSE
Agência Senado

Casos suspeitos foram identificados por meio do cruzamento de dados do MPF com os do Governo Federal e do TSE

Denúncia por Estado

O Estado com maior incidência de denúncias foi Roraima, que registrou 7.943 (8,87% dos recursos) de perfis suspeitos. Ao todo, foram pagos R$29.110.663 a esses beneficiários.

Por outro lado, o Pará foi o Estado que registrou o menor índice, com apenas 23 mil perfis (1,62%).

Ao todo, 31 cidades não apresentaram beneficiários com indícios de inadimplência. Nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais , houve o menor número de casos do País. Os números completos podem ser encontrados direto no site do MPF. 

Suspensão dos benefícios

Na última segunda-feira (7), o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário anunciou ter encontrado irregularidades em 1,136 milhão de benefícios do Bolsa Família. Destes, 469 mil foram cancelados e outros 667 mil, bloqueados.

No caso dos bloqueios, os usuários têm até três meses para comprovar que cumprem os requisitos do programa de distribuição de renda e podem voltar a receber o benefício. A pasta também convocou 1,4 milhão de famílias para fazer atualização cadastral em janeiro de 2017.

Os cancelamentos já começam a valer em novembro e terão impacto de R$ 1,024 bilhão na folha de pagamento do Bolsa Família. No caso dos bloqueios, o governo espera uma economia de R$ 1,42 bilhão, caso as irregularidades sejam confirmadas. 

43 mil beneficiários do Bolsa Família com perfis suspeitos na PB.

    
Mais de 43 mil beneficiários do ‘Bolsa Família’ na Paraíba são suspeitos de não cumprir os requisitos econômicos estabelecidos pelo programa do governo federal, conforme divulgou o Ministério Público Federal (MPF), nesta sexta-feira (11). De acordo com o levantamento, 733.666 famílias se beneficiaram pela iniciativa de distribuição de renda entre 2013 e maio de 2016. 
 
Os dez municípios paraibanos com os maiores percentuais de perfis suspeitos são Cacimba de Areia, Prata, Santo André, Piancó, Amparo, Gurjão, São Bentinho Cabedelo, Riacho de Santo Antônio e São José dos Ramos. Entre as capitais brasileiras, João Pessoa é a terceira com percentual mais elevado de perfis suspeitos (6,69%), perdendo para Palmas-TO (9,19%) e Boa Vista-RR (8,26%). A Paraíba ficou em sexto lugar no comparativo com os demais estados.
 
Veja infográficos mais abaixo. 
 
Os benefícios pagos aos paraibanos com perfis suspeitos atingiram um percentual de 5,01% do total no estado. Isso significa que dos R$ 3.360.007.985 pagos pelo programa, no período avaliado, R$ 168.302.994 foram pagos a beneficiários com perfis suspeitos. 
 
Em todo país, o MPF identificou 870 mil beneficiários suspeitos. O órgão recomendou que 4.703 prefeituras realizem visitas domiciliares aos beneficiários do programa Bolsa Família com perfis suspeitos. Os casos suspeitos foram identificados por meio de ferramenta de inteligência desenvolvida pelo Ministério Público Federal a partir do cruzamento de dados públicos fornecidos pelo próprio Governo Federal, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pela Receita Federal e pelos Tribunais de Contas estaduais e municipais. O diagnóstico apontou grupos de beneficiários com indicativos de renda incompatíveis com o perfil de pobreza ou extrema pobreza exigido pelas normas do programa. 
 
Os perfis suspeitos foram classificados em cinco grupos: falecidos; servidores públicos com clã familiar de até quatro pessoas; empresários; doadores de campanha (doação maior que o; e servidores doadores de campanha (independentemente do número de membros do clã familiar).
 

Fonte: Último Segundo – iG /vavadaluz

2 comentários em “Bolsa Família teria pago R$ 3 bilhões a 870 mil beneficiários suspeitos, diz MPF, só na Paraiba são 43 mil”

  1. Se os recursos fossem destinadas as famílias corretas, seria um grande avanço; mas, infelizmente isso raramente acontece. O cruzamento de dados do MPF, Receita Federal e até mesmo o cadastro do renavam tem mostrado outra realidade. O desvio tornou algo normal; a consciência foi cauterizada, o ser humano tornou-se insensível. Nada mais justo seria, de que aqueles que se apropriaram indevidamente desses recursos, fossem obrigados a devolverem judicialmente a título de prestação de serviço no cuidar e prover de recursos para sobrevivência uma família carente por período de vinte anos.

  2. O culpados sao os cadastradores que sao tambem os fiscais. Por enguanto sao suspeitos e por perfil. Deveriam organzar uma forca tarefa como a de Curitiba – infelizmente logo se tornaria partidaria.

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