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maio 4, 2011

Mulheres bem-sucedidas contam por que não ligam tanto para o amor

“É mais fácil arrumar outro namorado que uma boa colocação profissional”, justifica Jackeline Batista, 35 anos

Foto: Edu Cesar / Fotoarena Ampliar

Elaine Vilela, empresária, 39 anos. “Fiquei noiva três vezes e a aliança foi me causando um pavor”

Casar, ter filhos, cuidar do marido. Durante décadas este foi o único sonho possível para a maioria das mulheres. Mas agora elas podem escolher o que querem. E as mulheres que apostam na carreira e são bem-sucedidas parecem depender menos da felicidade romântica. “É mais fácil arrumar outro namorado que uma boa colocação profissional”, justifica Jackeline Batista, 35 anos, que atua na área de Comércio Exterior e é taxativa: “Meu trabalho é prioridade na minha vida”.

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Para a empresária Elaine Vilela, 39 anos, o segredo é administrar o tempo conciliando trabalho e vida amorosa. “Amo minha carreira, mas isso não atrapalha a minha vida. Namoro há cinco anos e procuro ser flexível”, diz. Porém, quando o trabalho aperta não dá para dar aquela ‘escapadinha’. “Nem sempre consigo ver meu namorado com a freqüência que gostaria”, confessa Elaine.

De acordo com Maria Cristina Pinto Gattai, professora do Departamento de Psicologia Social da PUC/SP, uma pesquisa realizada com 89.075 pessoas demonstrou que a participação das mulheres em cargos de chefia (presidência ou diretoria executiva) passou de 10,39% no período de 1996/1997 para 21,43% em 2009/2010. “Esses dados indicam que a busca pelo sucesso profissional têm aumentado”, analisa. E isso, segundo Maria Cristina, se deve ao aumento do grau de escolaridade feminino, além de sua inserção em profissões que antes eram exercidas somente por homens como, por exemplo, a construção civil.


Filhos? Nem pensar!

De olho em promoções, cargos importantes, salários elevados, viagens e comando, casamento e maternidade acabam sendo deixados de lado. “Não quero ter filhos porque não tenho tempo disponível”, afirma Elaine. Essa é a mesma justificativa de Jackeline, que sempre esteve determinada a dedicar-se à profissão. “Minha mãe cobra um neto, mas eu não quero. O mundo está muito complicado e ter um filho é uma loteria. Posso sentir falta mais tarde de ter alguém para compartilhar, mas nada garante que não iria arrumar um problema”, comenta sem rodeios.

A psicóloga clínica

Miriam Izabel alerta que tal decisão pode pesar ao longo dos anos. “A necessidade de ter alguém e ser cuidada pode dar lugar ao desejo de ser aplaudida, reconhecida, exaltada. Porém, numa determinada hora isso acaba e o vazio se instala de forma bastante acentuada”, alerta Miriam. Por isso, ao abrir mão dos padrões convencionais – família, marido, filhos – a mulher precisa estar bem determinada do que o futuro lhe reserva. “Há pessoas com um nível tão grande de resistência que podem acreditar serem imunes à necessidade de amor e calor humano”, diz a psicóloga.

Trabalho + marido + gravidez = felicidade?
Se para algumas mulheres é incompatível conciliar uma carreira bem sucedida com casamento e filhos, para a securitária Cícera Érica Araruna de Moraes Lourenço, 33 anos, este é o seu grande desafio. Ela, que atua como coordenadora em uma grande seguradora do País, é casada há oito meses e está curtindo o início da gravidez. E não concorda que é preciso escolher um ou outro. “Sempre quis ser reconhecida em meu trabalho, mas nunca pensei em abrir mão do casamento e da maternidade. Tudo isso me completa”, avalia.

Ela concorda que não é fácil encontrar um homem que entenda e aceite as conquistas femininas. “A mulher independente assusta os homens. Por isso, sempre busquei alguém que respeitasse minha carreira”, afirma. Cícera ganha mais que o marido e, mesmo quando chega em casa, após um dia corrido de trabalho, se surgir algum ‘pepino’ precisa se pendurar ao telefone e dar as coordenadas. “Ele não fica incomodado, porque sempre conversamos sobre isso. Não dá para viver sob pressão”, afirma.

Afinal, Cícera ainda arruma tempo para estudar. “Estou fazendo quatro cursos online de especialização”, conta. Para ela, todo este esforço traz resultados para toda a família. “O fato de o meu salário ser maior não cria nenhum mal-estar entre nós. Estamos casados e uma parceria de amor não tem divisões. A carteira é uma só”, dá o recado.

Se ela ganha mais, quem paga a conta?
O casamento pede união e o namoro pede romantismo. “Se ele me convida para sair, ele paga a conta”, defende Elaine. Para ela, o fato de ser bem-sucedida profissionalmente não significa ter de arcar com as despesas. “Se eu mostrar que posso tudo o tempo todo, perde a graça”, completa a empresária.

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