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Presidente estuda extinguir Ministério do Turismo e não deve recriar o da Segurança Pública neste ano (Alessandra Lontra -)

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Presidente estuda extinguir Ministério do Turismo e não deve recriar o da Segurança Pública neste ano

Ministério do Turismo – Foto: Roberto

Por Alessandra Lontra

De acordo com informações da CNN Brasil, o governo federal desistiu de recriar ainda em 2020, o Ministério da Segurança Pública que, atualmente, está acoplado à pasta da Justiça desde o início do atual governo.

Em conversas reservadas, o Presidente da República alegou, para sepultar o plano, questões orçamentárias e indisponibilidade de cargos.

Além disso, o Presidente avalia ainda extinguir um dos atuais 23 ministérios, também por razões orçamentárias. E o ministério que vem sendo cogitado ser extinto é o do Turismo. Com isso, todas as atividades da pasta migrariam  para o Ministério da Cidadania e para a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).

Segundo informações da CNN Brasil, o Presidente já comunicou, a pessoas próximas, a decisão. A informação foi confirmada à emissora por dois auxiliares da ala militar que dão expediente no Palácio do Planalto e por um aliado político que costuma frequentar, semanalmente, o Palácio da Alvorada.

Acredito que a extinção do Ministério do Turismo seria um total contrassenso.

O ano de 2020 mal havia começado e o setor do Turismo já mostrava indícios de que o ano seria bastante promissor, haja vista a curva crescente alcançada em 2019 e as diversas ações e inovações que o setor planejava em conjunto com o setor público e o privado para o crescimento do mercado brasileiro.

O setor do Turismo, segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), constitui 10% do PIB global e é a fonte de um em cada 11 empregos.

De acordo com a empresa de análise de dados Statista, a “indústria do Turismo”  transformou-se, antes da pandemia, em um gigante da economia com gastos de cerca de US$ 7,6 trilhões.

A pesquisa da Empresa, à época, também mostrava que havia mais de 1,2 bilhão de chegadas de turistas internacionais em todo o mundo a cada ano.

As estatísticas principais deste surpreendente setor da economia, o Turismo, antes da pandemia, eram as seguintes:

– Receita global do turismo internacional: US$ 126 bilhões.

– Valor global de varejo da indústria hoteleira global: US$ 427,69 bilhões.

– Porcentagem de reservas de viagens feitas nos EUA: 39%.

– Receita mundial de reservas de viagens: US$ 498 bilhões.

– Volume da indústria de cruzeiros na América do Norte: US$ 21,21 bilhões.

– Receita da indústria mundial de cruzeiros: US$ 39,6 bilhões.

A contribuição da atividade turística para o desenvolvimento econômico de um país é fundamental. O Turismo salvou a Europa e os Estados Unidos durante a recessão.

Todos nós que trabalhamos, direta ou indiretamente, no setor do Turismo, sabemos que ele foi o mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, o Covid-19, justamente, por causa da transversalidade que perpassa o setor que impacta 571 atividades da economia.

Todo o trade turístico brasileiro tem concentrado todos os seus esforços para que a retomada do setor seja a mais breve possível e dentro das novas normas de segurança sanitária exigidas pelos órgãos internacionais e nacionais de saúde.

Apesar de no último feriado de (7) de setembro, termos visto muitos destinos onde os turistas não respeitaram as regras sanitárias, isso é uma questão de se criar uma campanha para conscientizar a população e os turistas. Uma coisa ficou evidente: a retomada vai ser muito mais rápida do que todas as estatísticas previam, pois a maioria dos destinos teve uma procura além da esperada pelo trade turístico.

Nessa retomada, onde a maioria dos destinos já flexibilizaram a abertura de diversos setores como comércio, hotéis, restaurantes, atrativos turísticos, Unidades de Conservação e etc, o Ministério do Turismo tem tido um papel fundamental com diversas ações adotadas para diminuir os impactos da pandemia de coronavírus, como auxílio emergencial, cursos de capacitação e qualificação, criação do 1º Desafio Brasileiro de Inovação em Turismo, criação do Selo de Turismo Responsável, propostas para incentivo a viagens em família pelo Brasil, adesão ao Programa de Gestão Estratégica e Transformação do Estado (TransformaGov), Fortalecimento do Programa de Regionalização do Turismo, Plano Nacional de Retomada do Turismo e tantas outras ações importantes para o crescimento do setor.

Para que acabar com um Ministério que vem dando resultados e que em outros países é tratado como uma pasta essencial para a economia e é visto como uma política de estado de fato?!

Sabemos que o forte da Embratur nunca foi a estruturação e a divulgação dos destinos brasileiros dentro do Brasil. O papel da Embratur sempre foi mais de divulgar os destinos nacionais no exterior. Dessa forma, o único lugar que eu conheço onde a divulgação vem antes do planejamento é no dicionário!

E aí eu pergunto aos meus “caros colegas” do setor do Turismo: Quem irá cuidar da ESTRUTURAÇÃO dos destinos?!

Se isso acontecer, estaremos na contramão de tudo que vem sendo falado no mundo, onde já foi dito e redito que a retomada será do local para o regional. Que os destinos de natureza e que ficam num raio de até 250 Km serão os mais procurados. Ou seja, a infraestrutura e a divulgação de destinos pequenos deverão ser priorizadas.

Espero, sinceramente, que TODOS do trade turístico se manifestem contra a essa “ideia” sem sentido, para que o setor não seja mais prejudicado do que foi.