Apesar das vendas em queda, ofertas e marketing na internet em datas comemorativas ajudam a melhorar a situação
Entre paredes vermelhas e roxas, manequins com curvas turbinadas dividem espaço com toda a sorte de brinquedos eróticos. “Não aceitamos devolução”, diz o cartaz colado embaixo do ar-condicionado, ligado sempre nos 17 graus. A temperatura esquenta se o cliente experimenta as pomadas que provocam sensações inesperadas. No Dia do Sexo, estes são alguns dos produtos liquidados em uma sex shop tijucana, que usa a data para aquecer as vendas diante do freio no consumo.
Enquanto a loja aposta em um mercado que já caiu no gosto popular, uma alternativa diferente explora a sexualidade por outro viés, em uma vila de Botafogo. Em vez dos “50 tons de cinza” nas prateleiras da sex shop, livros assinados por mestres da espiritualidade oriental ocupam os espaços vazios junto com arte abstrata na casa amarela de dois andares. No entanto, eles não estão à venda. No espaço, a terapia tântrica, para estimular sensações que levam ao orgasmo sem o sexo, é oferecida por uma ex-publicitária que encontrou um trabalho nada estressante e mais rentável dentro de casa.
Com a crise econômica, o prazer sexual é a aposta de ambos os negócios. Apesar de as vendas de produtos eróticos estarem em queda, ofertas de produtos mais em conta e marketing na internet em datas comemorativas, ajudam a melhorar a situação. “É um lazer barato, o casal economiza brincando na intimidade, em vez de sair para um restaurante caro. Estamos trabalhando nisso, queremos incentivar os casais a superarem juntos a crise”, disse Paula Aguiar, presidenta da Associação Brasileira das Empresas do Mercado.
Sexo é negócio em família para as irmãs Samya e Cynthia Age, respectivamente de 34 e 36 anos. Sócias do sex shop Flower Love. Para elas, variedade é o segredo. De vibradores de todos os formatos a bingo sexual, o segredo é fidelizar o cliente. “Estamos vendendo menos produtos mais caros, então apostamos em quantidade e preços baratos. Ligamos para nossos clientes oferecendo promoções para o Dia do Sexo, afinal, tem jeito melhor de deixar um pouco o estresse de lado?”, afirmou Cynthia.
A respiração é apenas o começo da viagem espiritual conduzida pela terapeuta holística Sabrina Ortiz, de 35 anos, que oferece sessão de massagem tântrica por R$ 350. Ex-publicitária, ela chega a atender quatro clientes por dia, além de ministrar aulas e palestras. “Já percebi um aumento, acho que com todo esse estresse as pessoas acabam reavaliando a qualidade de vida. Muita gente está querendo associar mais prazer ao trabalho, buscando coragem para mudança”