Afinal, a síndrome da vagina morta realmente existe e afeta as mulheres?
Será que essa história que circula pela internet é real? Confira as explicações
Conhecer bem o próprio corpo é fundamental para conseguir estimulá-lo, ter prazer e chegar ao orgasmo. Entretanto, a masturbação feminina ainda é um assunto considerado tabu e pouco discutido pela sociedade, o que faz com que muitas mulheres se sintam inseguras em explorar as regiões íntimas. Ainda há o medo de sofrer com a tal da síndrome da vagina morta.
Para quem não conhece, a síndrome da vagina morta é definida como a perda da sensibilidade do órgão sexual feminino, de forma definitiva, após o uso prolongado de vibrador, o que faz com que a mulher não tenha mais prazer nas relações sexuais.
Porém, não é necessário ficar apavorada, pois isso é apenas uma lenda que circula há tempos na internet, sem comprovação científica. De fato, o uso do acessório vibratório por muito tempo deixa o local adormecido, por isso muitas pessoas pensam que isso pode se estender e chegar em um momento em que elas não irão sentir mais nada. Contudo, isso não é verdade.
A fisioterapeuta pélvica Débora Pádua explica que dormência é momentânea acontece porque o excesso de vibração mexe com os receptores da região íntima. “Depois de um tempo, você já está sentindo normalmente, então não tem nada disso que vai se prolongar e ficar sem sentir nada. Isso não existe”, garante. Não há riscos à saúde da mulher.
Débora reforça que a tal síndrome da vagina morta é uma crença popular e acredita que uma das possibilidades para o surgimento dela seja a insegurança do homem em achar que a mulher, após conhecer os benefícios gerados pelo vibrador , não vai mais querer saber do pênis.
Diante disso, vale salientar que as sensações da masturbação e da relação sexual são distintas. “São estímulos diferentes. O brinquedo sexual vem para melhorar o sexo. Não tem necessidade de juntar os dois. Mas, às vezes, se misturar, pode gerar um prazer muito maior e o resultado ser interessante para ambos”, assegura.
Para a fisioterapeuta, essa lenda pode ter sido criada ainda para podar o público feminino quanto à sexualidade. Afinal, ainda existem mulheres com sentimento de culpa após realizar a masturbação e alcançar o clímax – quando, na verdade, não há nada de errado nisso. “Culturalmente não é uma coisa tão aceita, mas isso está mudando, mesmo que lentamente”, afirma.
Nada de síndrome da vagina morta! Aprenda escolher o vibrador ideal
Já que a história da ” vagina morta” não é real, não tenha medo de investir em um sex toy. Há diversos formatos e tamanhos de vibradores disponíveis à venda – e, por isso, a melhor forma de escolher um para comprar (e desfrutar pelo tempo que desejar) é ir até um sex shop para conhecer as opções pessoalmente.
Quem tem vergonha, precisará deixá-la de lado neste momento. Isso porque a decisão vai depender do que a mulher deseja para o momento. E, na loja física, ela contará com as orientações que um profissional, que poderá auxiliá-la melhor e responder eventuais dúvidas sobre os produtos.
“Alguns são vaginais, outros para o ponto G, além dos clitorianos e o anel peniano. Ou seja, a primeira coisa é saber os tipos que existem para se identificar com um e ver qual prefere. Às vezes, ela não quer nada dentro do canal vaginal e opta por um externo. E tem aquelas que querem ter a experiência de sentir algo vibrar dentro”, comenta Débora.
Já quem nunca usou e irá experimentar pela primeira vez é importante ir com calma e controlar as expectativas. Afinal, é possível não gostar logo no início, principalmente por ser algo novo que, com o tempo, traz novas e prazerosas descobertas.
Para isso, é necessário ir alternando os movimentos e as posições até achar os mais agradáveis e confortáveis. “Não é simplesmente colocar e achar que vai ter um orgasmo. Precisa aprender a usar”, orienta a profissional.
Uso do vibrador ajuda a conhecer o próprio corpo
Você escolheu o seu vibrador, testou e… amou o item. Agora, é hora de aproveitar o que de bom o acessório tem a oferecer. Em primeiro lugar, o orgasmo é a resposta sexual para o cérebro do auge da excitação de qualquer parte do corpo. Isso significa que, quanto mais a mulher aprender a saber em quais locais fica excitada, maior será a sua satisfação.
De acordo com a educadora sexual Cris Arcuri, o uso de vibrador é muito recomendado para que a mulher saiba aonde ela tem mais sensibilidade. “Usar um massageador íntimo no clitóris, por exemplo, com certeza será um estímulo para a penetração, já que o órgão exclusivo para o prazer possui oito mil terminações nervosas e é a porta de entrada para o prazer feminino”, revela.
A profissional ainda esclarece que o uso do objetivo não é questão de consolo, mas de autoconhecimento do corpo em busca de uma vida mais saudável e plena. “O mercado erótico possui uma variedade enorme de vibradores com tamanhos, vibrações e formatos bem diferenciados, para agradar a todas as pessoas. O importante é se dar a oportunidade para viver melhor e enxergar o sexo de forma descomplicada”, indica.
Para a coach de relacionamento e sexualidade Margareth Signorelli, quando a mulher tem a oportunidade de usar o vibrador, ela começa a explorar mais seu corpo, conhecer partes erógenas que antes não conhecia e tem a oportunidade de expandir e intensificar seu orgasmo.
Diante disso, alcançar o pico máximo de prazer é muito importante e saudável. “As substâncias que liberamos no ápice da nossa excitação, como oxitocina, dopamina e endorfina nos trazem uma sensação de prazer muito grande e de conexão também. É como se o corpo recebesse um banho de renovação cerebral, psicológica e física”, detalhe Margareth.
Por fim, a mulher deve se sentir livre para explorar suas partes do corpo e saber em quais regiões sente mais prazer. Dessa forma, felizmente, a síndrome da vagina morta não passa de uma história sem fundamento e, com isso, não há com o que se preocupar. Afinal, mesmo com o uso intenso do vibrador, ninguém irá deixar de sentir prazer na hora da relação sexual.
Fonte: Delas – iG /vavadaluz