Afinal, existe uma “vulva normal”? De acordo com estudo, não
Estatísticas mostram que muitas mulheres fazem cirurgias íntimas para remodelar a vulva e fazer com que ela se enquadre em um padrão, mas, conforme mostra um estudo, a região íntima difere de mulher para mulher
É crescente o número de mulheres que não gostam da aparência da própria vulva – parte externa da vagina –, e há estudos que comprovam isso. Segundo o último levantamento anual publicado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o número de labioplastias (cirurgia que remodela a região íntima ) feitas no Brasil quase dobrou de 2015 para 2016, saltando de 12,8 mil para 23,1 mil. Isso porque, aparentemente, padrões de beleza se aplicam até à região íntima e fazem com que as mulheres queiram ter uma “vulva normal”.
Pode soar como “frescura” ou futilidade, mas histórias de mulheres que passaram anos em busca de uma “ vulva normal ” mostram que, assim como a pressão estética referente ao peso e à forma dos cabelos, essa questão pode gerar bastante sofrimento. Segundo mulheres que relataram suas experiências ao projeto “The Vulva Gallery” – que busca dialogar sobre essa questão – o desconforto às vezes leva até pré-adolescentes a cogitarem a cirurgia íntima sem qualquer recomendação médica. Mas, afinal, existe um tipo “normal” de vulva? Segundo a ciência, não.
Estudo desmente o conceito de “vulva normal”
Para estabelecer parâmetros sobre o aspecto das vulvas – desde o tamanho dos lábios, do clitóris e a distância entre esse “botãozinho do prazer” e a uretra –, pesquisadores do Lucerne Cantonal Hospital, na Suíça, estudaram a região íntima de 657 mulheres na faixa dos 15 aos 84 anos. Na esperança de determinar o tal padrão, o estudo das vulvas levou dois anos para coletar todas as informações necessárias, que, no fim, não levaram à conclusão esperada.
Após estudar as centenas de vulvas, os pesquisadores estabeleceram a média de cada “categoria”, mas os números vêm de medidas completamente diferentes, mostrando que, assim como ocorre com diversas outras partes do corpo, a região íntima difere um bocado de mulher para mulher. Por exemplo: para algumas, os pequenos lábios medem apenas cinco milímetros, enquanto, para outras, medem 100 milímetros. O mesmo ocorre com os grandes lábios, categoria em que o maior media 180 milímetros e o menor media 12 milímetros.
Para explicar que não existe o conceito de “ vulva normal ”, a ginecologista Mariana Maldonado compara a região íntima feminina à masculina . Segundo ela, da mesma forma que há pênis com formatos, inclinações e tamanhos variados, as vulvas podem ser diferentes umas das outras e a única parte dos genitais femininos que, quando saudável, segue um padrão, é a interior, ou seja, a vaginaem si.
Fonte: Delas – iG @ http://delas.ig.com.br/comportamento/2018-07-02/vulva-normal-nao-existe.html