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Blog do Vavá da Luz

ZÉ DIRCEU, O RELEGADO (Chico Pinto)

Confesso que tive dó de Zé Dirceu, não pela sua condenação no STF, mas pela forma humilhante como vem sendo tratado pelos seus ex-companheiros aqui e alhures. Ontem,  em João Pessoa, Zé parecia um ser contaminado de doença rara e contagiosa. Poucos, pouquíssimos mesmos, tiveram a hombridade e a coragem de se aproximarem do ex-todo  poderoso mandarim do PT. 

 

Apesar da eloqüência da sua palestra, Zé Dirceu, com o seu sorriso maroto e amarelado, demonstrava em seu semblante toda decepção que sentia. Deixava transparecer no seu olhar uma enorme nostalgia dos velhos tempos, pois,  quando aqui chegava, formavam-se filas quilométricas  para os afagos e beija-mão. 

 Os almoços e jantarem de adesão, em pouco tempo se esgotavam, e a cidadela petista se esvoaçava de contentamento para receber o ilustre convidado. Dele recebiam conselhos e orientações. Reivindicavam cargos e benesses do poder. Zé era tratado como um semideus, com genuflexos pompas e obediência. 

 

 Ontem,  Zé Dirceu, o condenado pela justiça,  sentiu um clima totalmente diferente, pois havia impregnado nos estrelados petistas um sentimento de medo, de repulsa. Temiam ser contagiados. Recusaram-se  dele se aproximar, principalmente em público.  Nem sequer o piedoso Frei Anastácio, o corajoso e aguerrido capuchim/deputado dele se aproximou. 

 

O outro deputado do PT,  Anisio Maia, com a sua roca e eloquente falação também não teve a ousadia de se “fisgar” no Zé. O prefeito petista Luciano Cartaxo, se o viu,  foi às escondidas. Luis Couto tampouco apareceu.

 

Da cúpula petista apenas  Rodrigo Soares, Jackson Macêdo e Ancelmo Castilho tiveram à coragem  de afagar e abraçar o amigo. Parabéns para eles, pois, não se deve abandonar um companheiro mesmo quando ele cai na desgraça e, principalmente, quando a ele se deve favores. É assim que age o homem de coragem  e detentor de bom caráter. 

 

E é salutar que se diga que a militância petista encontra-se de prontidão. Um dia antes, a presidente Dilma Rousseff visitou a Paraíba e foi recepcionada por centenas de petistas e por toda a cúpula partidária. 

 

Já a visita de Zé, convidado que foi para proferir uma palestra a respeito dos 10 anos do PT no poder, não foi merecedora do entusiasmo da barulhenta “trupe” do partido. Poucos compareceram ao evento!..

 

Questionado, restou a Zé Dirceu, negar que tenha sido rejeitado e justificar que muitos “companheiros” nE3o foram ao seu encontro, mas, estão solidaram e sabem que ele irá provar a sua inocência, nem que tenha que recorrer ao Direito Internacional.

Sei não! Mas imagino que ao regressar ao hotel, após deixar o plenário da Câmara Municipal de João Pessoa, Zé, lá com os seus botões deve ter rememorado Eça de Queiroz, quando ele diz que: “A amizade, às vezes, tem um valor incalculável para umas pessoas, mas para outras, tem apenas um valor. Valor este que só existe quando se precisa desse amigo”.

Enquanto isso, ao escrevinhar estas mal traçadas linhas, me veio à lembrança Cássia Eller, e senti que para Zé Dirceu realmente “mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim tão diferente…

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