O Viagra é um sucesso raro no mundo farmacêutico. Somente em 2004, quando já concorria com outras marcas no mercado, chegou a vender quase dez milhões de comprimidos nos Estados Unidos, representando o maior faturamento farmacêutico do mundo com uma receita anual de 67 milhões de dólares.
No Brasil, somente no primeiro semestre de 2005, já representava metade de todos os medicamentos vendidos contra impotência sexual no país. Foram quatro milhões de pílulas azuis vendidas para gerar, além do prazer de homens e mulheres, cerca de 35 milhões de dólares em faturamento.
Não foi à toa, portanto, que o Pro-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba, professor Isac Almeida de Medeiros, se espantou quando começou a registrar as primeiras semelhanças dos efeitos de uma planta comum no semi-árido nordestino com a poderosa pílula azul no início de pesquisa realizada no Campus I da UFPB.
Ou seja, uma planta comum em todo o semi-árido do Nordeste, incluindo a Paraíba, que tem o poder de combater no mesmo grau do Viagra um dos principais males do mundo atual: a disfunção eréctil (impotência sexual).
A Cissampelos sympodialis, mais conhecida como Milona, Orelha de Onça ou Farinha, sempre foi tida pela sabedoria popular como uma planta indicada para combater o cansaço, a fadiga. Com grande incidência no Sertão paraibano, mais especificamente em Sousa, a Milona também apresentava, empiricamente, efeitos antiflamatórios e antialérgicos.
Um excelente remédio natural para a asma.
Daí pra aguçar a atenção da comunidade científica foi um pulo.
Ao iniciar a pesquisa, os pesquisadores descobriram que a Milona atuava como forte inibidor de enzimas que provocam alteração da da pressão arterial (hipertensão) pulmonar. Simplesmente a mesma doença que motivou os pesquisadores norte-americanos a avançar no descobrimento do Viagra, na década de 90.
Com o avanço dos estudos sobre a Milona, veio a constatação. Ela apresentava o mesmo resultado do Sildenafil, o princípio ativo que deu luz ao Viagra que conhecemos hoje.
Doutor pela universidade de Lyon, na França, o professor Isac, que conduz a turma de pesquisadores da UFPB que descobriu há três anos a semelhança entre os efeitos terapêuticos do uso da Milona e do Viagra, declarou quem muito em breve serão feitos testes em humanos.
Por enquanto, a pesquisa, que é pioneira no mundo científico, tem como base apenas testes feitos em ratos de laboratório.
Apesar disso, dado à objetividade dos primeiros testes químicos, os pesquisadores ficaram excitados com a possibilidade de apresentarem ao mundo científico uma descoberta que mexe com o mercado farmacêutico mundial.
E que deve estimular uma corrida desenfreada para Sousa, onde todo mundo vai querer plantar Milona pra colher milhões.
“Trabalhamos com a objetividade necessária e sem permitir que a ansiedade pelas recentes descobertas nos deixem deslumbrados e longe de resultados objetivos. Ao mesmo tempo não podemos deixar de admitir que os primeiros testes nos estimulam a reconhecer que estamos muito perto de mostrarmos ao mundo que podemos, de forma natural, assegurar os mesmos efeitos que uma droga com o Viagra proporciona a todos que sofrem com disfunção erétil”, contou o professor Isac Medeiros.
Que se prepara para publicar em revistas científicas artigo sobre a Milona, ao que parece, a prima paraibana do famoso Viagra.
Luís Tôrres
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