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TIÃO LUCENA EM:Do jeito que o diabo gosta

Tião Lucena

Tião Lucena, nascido e criado em Princesa Isabel – PB, é jornalista desde 1975, tendo começado em A União como repórter e trabalhado em O Norte, no Correio da Paraíba, no Jornal O Momento e no jornal de Agá. Nos três primeiros desempenhou as funções de repórter, editor político, editor do interior, chefe de reportagem e secretário de redação. Também foi vice-presidente da API e diretor do Sindicato dos Jornalistas. Autêntico, polêmico e ousado, faz um jornalismo sem cabresto e sem censura.
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O considerado leitor, ainda ressacado neste último dia de carnaval, já parou para pensar que é nesta época do ano que os prefeitos da Paraíba e do Brasil enchem os quibas de dinheiro? Se não pensou, não o fez de besta, porque todo mundo sabe disso. As bandas, preferencialmente as mais famosas e caras, são contratadas a peso de ouro, mas quando fazem o contrato de antemão já sabem que X por cento vai para o bolso do prefeito. É por isso que nos municípios nordestinos falta tudo, menos festa. Veja se não é verdade, pergunte aos forrozeiros que são as vítimas preferenciais dos edis!

Vemos agora no carnaval um fenômeno que serve de atestado ao que foi falado acima. Os tradicionais clubes de frevos, que tocam por tostões, são relegados ao esquecimento e substituídos por bandas de Aché baiano, famosas e caras. Claro, o cachê alto é justificado pela fama do contratado, mesmo à custa da morte do carnaval tradição. Estou aqui em Jacumã, como já dito, escutando em cada esquina, em cada rua, na praça principal dos eventos momesmos, o cabra dizer “minha mulher não deixa não”, quando poderia cantar as colombinas, as Margaridas ou mesmo morrer de bêbado pensando que “cachaça é água”, para, no final, ser todo mundo varrido pelas “Vassourinhas” de tantas alegrias e incontáveis saudades.

O povo, claro, não reclama. Tem em mãos o essencial: a cachaça e a festa. Que se lasque o resto. Até mesmo a sangria, o assalto aos cofres públicos, a falta de vergonha dos chamados comandantes das massas, tudo isso é pouca coisa comparada ao ópio de três dias e três noites de cana, suor e sexo.

Que venha a quarta-feira de cinzas.

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